Para manter Michel Temer (PMDB), o primeiro presidente denunciado ao Supremo Tribunal Federal na história da República, os movimentos “independentes” desistiram de manter o combate à corrupção como prioridade. O recuo é lamentável, porque a permanência do peemedebista representará na vitória do crime organizado.
A corrupção é o grande mal de nossa sociedade e custa, segundo levantamento da Fiesp, R$ 69 bilhões por ano ao Brasil. O valor representa de 1,38% a 2,3% do Produto Interno Bruto brasileiro e poderia resolver o problema da saúde pública se fosse erradicada em um ano, com a criação de 327 mil novos leitos.
No entanto, apesar de Temer ser formalmente acusado de corrupção pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, os protagonistas do impeachment de Dilma Rousseff (PT) pisaram no freio e colocaram a indignação de volta aos armários. Nada de atiçar a revolta do povo com a roubalheira dos políticos.
Nem as malas de dinheiro, tanto aquela com R$ 500 mil puxada pelo assessor presidencial, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB), ou a outra, com R$ 2 milhões, arrastada pelo assessor do senador Aécio Neves (PSDB), põe fim ao comodismo.
O vereador Vinícius de Siqueira (DEM), que persistiu nos atos contra Dilma do protesto solitário em um carro de som até arrastar 100 mil no maior protesto da Avenida Afonso Pena, teme pela instabilidade política, conforme entrevista concedida ao Campo Grande. Agora, as desgraças causadas pela roubalheira não espantam o oficial de Justiça, que conseguiu o mandato de vereador graças a fama de indignado.
Até a indignação com a alta carga tributária foi engolida pelo grupo Chega de Impostos. Para “manter certa estabilidade”, segundo uma das coordenadoras, Miriam Gimenez, não há problema nenhum em pagar impostos para bancar mesada de criminosos, como apontam as investigações do Ministério Público Federal.
Temer ainda é investigado por obstrução da Justiça, já que ficou sabendo da compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB) por R$ 500 mil mensais e até deu aval para o empresário Joesley Batista manter o esquema.
Rodeado por outros suspeitos de surrupiar os cofres públicos, o presidente ainda pode ser denunciado por organização criminosa. Durante a viagem à Noruega, Temer chegou a se cobrado publicamente pela primeira-ministra daquele país para que combatesse a corrupção. Ficou tão sem graça que chamou o rei local de monarca da Suécia.
Sem a mobilização popular, a Câmara dos Deputados não vai se furtar em impedir a investigação de Temer, que apesar das evidências, poderá bater no peito e se apresentar como o homem mais honesto. O mais lamentável é que só os brasileiros, com seus pudores pela estabilidade, vão acreditar que alguém deste naipe tem moral para comandar alguma coisa.
A desmobilização atinge até os movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda, que comandam greve geral nesta sexta-feira, 30 de junho. O movimento mais significativo ficou restrito às escolas e bancos, com greve parcial. O transporte coletivo não aderiu após duas mobilizações.
A paralisação de 24 horas era contra as reformas trabalhista e previdenciária, mas entrou no embalo para pedir eleições diretas e o Fora Temer.
O combate à corrupção já foi usado para apear do poder os presidentes progressistas, como Getúlio Vargas, e João Goulart, o Jango.
Bem que a história poderia ser diferente em 2016 e 2017, onde a luta seja para acabar com a corrupção e não para destruir apenas um partido, no caso, o PT.
O mal do Brasil é a corrupção, seja ela de esquerda ou direita. Enquanto os “indignados” mirarem apenas um grupo, o mal persiste e uma hora, este país rico e promissor, não vai ter fôlego para resistir a tanta roubalheira e impunidade.
O combate à corrupção deve ser a prioridade, não a estabilidade. O Brasil vai chegar ao primeiro mundo tiver caráter e dignidade.
O lugar de uma nação formada por corruptos e adeptos sempre será a rabeira da história, não tem, na história e na bíblia, poder que tenha sobrevivido sem moral e caráter.