O governador Reinaldo Azambuja (PSDB), acusado de cobrar R$ 38,4 milhões em propinas da JBS, teve derrota histórica e de goleada ao ter os pedidos rejeitados pelo Supremo Tribunal Federal. Ele não conseguiu nem o apoio do polêmico ministro Gilmar Mendes, conhecido por defender tucanos e o presidente Michel Temer (PMDB), para trocar o relator responsável pela homologação da delação da empresa no Supremo Tribunal Federal.
Por unanimidade, os 11 ministros rejeitaram o pedido de Azambuja para trocar o relator da colaboração premiada, que apontou o envolvimento de 1.829 políticos com a corrupção no País. O tucano recorreu para tirar a investigação do ministro Edson Fachin e realizar sorteio para definir um novo relator do caso.
Reinaldo ainda argumentou que a homologação não poderia ser homologada por um único ministro, já que teve repercussão nacional e envolvia muitos poderosos, que iam do presidente nacional do seu partido, o senador afastado Aécio Neves (PSDB), o atual presidente da República e dois ex-presidentes, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Neste caso, o vexame do governador foi pior que a goleada do Brasil para a Alemanha na última Copa do Mundo. Enquanto a seleção perdeu pelos fatídicos 7 x 1, o tucano levou de 9 a 2.
O outro pedido do governador era que a delação sofresse mudança no STF. Neste caso, classificado pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, como um salto mortal triplo de costas na operação, o pedido de Reinaldo foi rejeitado por 8 a 3. Para a maioria, a delação sem fatos novos não pode ser revista pelo plenário.
Só neste último item, o ministro Gilmar Mendes se rebelou e foi acompanhado por Marco Aurélio de Mello, primo do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB), e Ricardo Lewandoski.
Agora, o governador ainda tenta o último golpe para livrar 1.829 políticos das denúncias de corrupção. Ele recorreu da decisão do ministro Celso de Mello, que rejeitou o pedido para anular a delação da JBS, e pede para o plenário analisar o pedido.
O tucano, que já admite o temor de perder o mandato por causa da investigação, alega que os irmãos Batista, autores da denúncia, não podem ser contempladas com o perdão judicial porque seriam líderes de uma organização criminosa.
Reinaldo teme a investigação da Polícia Federal e até chegou a pedir que o inquérito seja conduzido pelo Ministério Público Estadual. Janot até comentou o pedido na quarta-feira passada, ao alegar que a investigação é competência federal e do STJ, onde o governador tem foro privilegiado.
No atual contexto, com a renovação das cortes superiores, o foro privilegiado de algumas autoridades se tornou tiro no pé. Antes já chegou a ser vista como salvação, porque a investigação não andava e a absolvição se dava pela prescrição.