Até então poderoso cacique tucano, Sérgio de Paula usou o cargo de chefe da Casa Civil para usar a aeronave do Governo estadual para realizar duas viagens com a família em junho do ano passado. Esta denúncia é investigada pelo MPE (Ministério Público Estadual).
Amigo de longa data do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), ele foi exonerado do cargo em março após o surgimento de boatos de que teria sido gravado cobrando propina. O escândalo acabou explodindo no final do mês passado, quando José Alberto Berger deu entrevista ao Fantástico, programa dominical da TV Globo, acusando o ex-secretário de cobrar vantagens indevidas.
Agora, o ex-secretário é alvo de investigação conduzida pelo promotor do Patrimônio Público, Humberto Lapa Ferri. Ele apura a utilização da aeronave do Governo do Estado para fins particulares.
De acordo com a denúncia anônima, Sérgio usou a aeronave em duas ocasiões. Na primeira, em 14 de junho de 2016, ele viajou com a mulher e os três filhos para Andradina, interior de São Paulo.
Como não houve problema na primeira viagem, o então secretário fez uma segunda, na semana seguinte, 22 de junho do mesmo ano, com a esposa, os três filhos, a nora e uma outra pessoa, que não teve a identidade divulgada.
O promotor não deverá ter dificuldade em conferir a veracidade da denúncia, já que todos os deslocamentos dos aviões do Estado devem ser registrados, com tripulantes e destino.
A denúncia desnuda mais uma vez a “meritocracia tucana”. O governador se gaba de ter implementado gestão profissional, eficiente e com transparência. No entanto, verifica-se que os critérios como parentesco e amizade pesam mais na hora de utilizar os espaços ou liberar recursos públicos.
De Paula é acusado de ter cobrado propina por meio do corretor de gado José Ricardo Guitti Guímaro, o Polaco, para reativar a isenção fiscal para o curtume Braz Peli, de Berger. Eles teriam cobrado R$ 500 mil de propina. Após supostamente exigir R$ 150 mil por mês, Polaco acabou sendo gravado recebendo R$ 30 mil.
O ex-secretário, que caiu em decorrência dos boatos sobre o vídeo, nega a acusação. Apesar de ter saído do Governo, ele continua influente.
Ele participou da reunião do governador com os deputados para discutir a delação da JBS, em que Reinaldo é acusado de ter recebido R$ 38,4 milhões em propinas para conceder benefícios fiscais.
Nesta quarta-feira, o Governo estadual informou que não irá se manifestar sobre a utilização de aeronave pelo ex-chefe da Casa Civil.
Sobre a cobrança da propina, o governador negou qualquer cobrança indevida. Logo após a divulgação do caso pelo Fantástico, o governador acusou o curtume de emitir mais de R$ 210 milhões em notas frias.
Sérgio de Paula também nega a prática de irregularidade.