O mandato de senador caiu no colo do professor e empresário Pedro Chaves (PSC) com a cassação do titular, Delcídio do Amaral, por corrupção e obstrução da Justiça. Apesar de milionário – só a venda da Uniderp lhe rendeu mais de R$ 200 milhões – ele nunca se submeteu ao escrutínio popular.
Para ter alguma chance no primeiro teste das urnas em 2018, quando sonha em disputar a reeleição ou até mesmo a sucessão do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), Chaves não deve deixar dúvidas de que é contra a mega corrupção que assola o País.
O primeiro exemplo deve ser dado como vice-presidente do Conselho de Ética do Senado, onde ocorre a manobra para arquivar de forma sumária o pedido de cassação do mandato do senador afastado Aécio Neves, presidente licenciado do PSDB.
Peemedebistas e tucanos trabalham a todo vapor para salvar os acusados de corrupção, obstrução da Lava Jato, de integrar organização criminosa e outros crimes monumentais que envergonham a nação de bem.
O primeiro passo foi dado pelo senador João Alberto (PMDB), do Maranhão e presidente do Conselho de Ética. Ele alegou que tudo não passou de armação para prejudicar o chefão dos tucanos. Para o amigo de José Sarney (PMDB), as gravações em que Aécio cobra R$ 2 milhões, pede para trocar os delegados da Lava Jato, chama o ministro da Justiça de “peba” e articula o perdão de todos os corruptos não passam de armação.
Nem o pedido de prisão contra o senador, feito pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, impressionou o senador maranhense. O presidente nacional da OAB, Cláudio Lamachia, definiu bem o arquivamento sumário do caso: deboche da sociedade.
O caso só não será arquivado se cinco senadores titulares do conselho assinarem o recurso de Randolfe Rodrigues (Rede). Chaves deve assinar o requerimento para deixar claro que não é adepto do acórdão que se forma em Brasília para salvar os corruptos de décadas.
Chaves já deu alguns passos desastrosos ao endossar a gestão de Michel Temer logo após a posse do peemedebista. De acordo com o Datafolha de hoje, o atual presidente tem a pior aprovação em 28 anos – só 7% consideram sua gestão ótima ou boa. O índice só não supera Sarney, o “imortal”, que ainda vive com grande poder, apesar de não conseguir votos nem no pequeno estado do Amapá
Para não ter o mandato de senador restrito a uma aventura de dois anos e meio, Pedro Chaves precisa deixar claro que fará a diferença. O outro concorrente da vaga, o senador Waldemir Moka (PMDB) não está nem aí para a população, defende Temer , as impopulares reformas e participa das articulações palacianas. O peemedebista aposta naquela velha tese de que o eleitor tudo esquece e se deixa encantar com o dinheiro no dia do voto.
No entanto, a eleição de 2018 promete ser diferente, é claro, na nossa modesta visão mais de esperança, do que certeza dos fatos.
A população vai às urnas disposta a varrer os envolvidos em corrupção, mesmo que ainda não estejam condenados pela Justiça.
O cenário é devastador, considerando-se os nomes já propostos. O principal nome é o governador, acusado de receber R$ 38,4 milhões em propinas e de ter permitido um suposto esquema de corrupção na Governadoria sob o comando do ex-secretário Sérgio de Paula.
André Puccinelli (PMDB) está enrolado nas operações do momento – Lama Asfáltica, Lava Jato e delação JBS – e ainda arca com o desgaste de ter se submetido ao monitoramento eletrônico por meio de tornozeleira.
Zeca do PT está inelegível e enfrentará investigações nas delações feitas pela Odebrecht e JBS. Outro postulando a vaga de senador ou governador, Nelsinho Trad (PTB), assim como André está com os bens bloqueados pela Justiça, e responde a inúmeras ações por corrupção e improbidade administrativa.
Se quiser se sobressair aos novos nomes – como o juiz Odilon de Oliveira, o presidente da Cassems, Ricardo Ayache, o ex-presidente da OAB/MS, Leonardo Avelino Duarte, o advogado Eduardo Bottura, e o prefeito de Costa Rica, Waldeli dos Santos – Chaves vai precisar ter atuação convincente de que não é igual aos companheiros envolvidos no lamaçal de corrupção que assusta e causa indignação na população brasileira.