A situação não está fácil para o deputado federal Vander Loubet (PT) – que corre o risco de ser o primeiro denunciado em março de 2015 com foro privilegiado a ser condenado na Operação Lava Jato. No desespero, o petista se atrapalhou no Supremo Tribunal Federal ao apresentar dois embargos diferentes e no mesmo dia.
Além disso, o deputado decidiu mudar a defesa e recorreu ao advogado José Valeriano Fontoura, digamos uma espécie de “santo de casa”.
Vander é réu na ação penal em que é acusado de receber R$ 1,028 milhão em propina em esquema montado com o ex-presidente da República e senador, Fernando Collor de Mello (PTB) na BR Distribuidora.
A situação parece complicada porque o STF tem pressa em dar satisfação à sociedade e sente-se acuado com a acusação de demora nos julgamentos. Vander é o primeiro virar réu na denúncia feita pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, em 15 de março de 2015 contra mais de 50 políticos.
Ele, o cunhado, Ademar Chagas da Cruz e o empresário Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos precisavam apresentar embargos para evitar o início imediato do julgamento. No início do mês, após a publicação do acórdão, Loubet decidiu trocar de advogado.
O deputado tinha na banca o advogado criminalista famoso no Ceará, Paulo Napoleão Quezado, cujo escritório fica no Palácio Progresso, na moderna praia do Futuro em Fortaleza. No entanto, o notório defensor nordestino não o livrou da condição de réu na Lava Jato.
Desesperado, Loubet recorreu ao advogado Valeriano Fontoura, que construiu a maior parte da carreira defendendo petistas e sindicatos ligados ao partido em Mato Grosso do Sul. Só que o parlamentar esqueceu de avisar o antigo defensor da desistência.
O resultado foi que os dois advogados, antigo e novo, apresentaram embargos de declaração contra o acórdão. A trapalhada irritou o relator da Lava Jato no Supremo. O ministro Edson Fachin deu prazo de três dias para Vander Loubet informar qual advogado vai patrocinar sua defesa na corte.
Para Valeriano Fontoura, houve falta de comunicação do seu cliente com o antigo patrono, uma questão burocrática.
Após a análise dos recursos de Vander, Ademar e Pedro Paulo Leoni pela 2ª Turma do STF,os ministros vão marcar o início da instrução e julgamento. A expectativa é que a condenação ou absolvição por lavagem de dinheiro e corrupção ocorra até o fim deste ano. Além de ser condenado à prisão, o petista pode perder o mandato de deputado federal.
Sorteado na história da Lava Jato para ser um dos primeiros a serem julgados, Loubet também foi denunciado por receber R$ 50 mil da Odebrecht. A Policia Federal já deu retorno ao ministro Fachin.
Na mesma situação, o tio, o ex-governador Zeca do PT, que teria cobrado R$ 400 mil em 2006, ainda não teve nenhuma nova manifestação após a determinação de Fachin para que os policiais federais procedam a investigação.
Mais sorte ainda teve o ex-governador André Puccinelli (PMDB), acusado de cobrar propina de R$ 2,3 milhões, que ainda nem teve o pedido de abertura de inquérito solicitado pelo procurador Rodrigo Janot.