Os contribuintes, trabalhadores e servidores públicos devem ser mais uma vez penalizados pelo prefeito Marquinhos Trad (PSD), que estuda autorizar reajuste de 50% no valor do estacionamento controlado no Centro da Capital. A única que não deverá ter motivos para reclamar da crise será a Flexpark, que poderá ver o faturamento crescer em torno de R$ 6 milhões.
Enquanto nega reajuste salarial aos funcionários municipais, aos médicos e aos professores (que não recebem nem o valor previsto em lei), o prefeito tem sido bondoso com os empresários, principalmente, aqueles que possuem contratos com o poder público.
Desde 3 de junho de 2015, o valor da hora cobrada pelo parquímetro controlado pela Flexpark é de R$ 2,00. Na época, o então prefeito Gilmar Olarte autorizou reajuste de 33,3% e elevou o valor de R$ 1,50 para R$ 2,00.
Agora, o valor deve ter aumento de 50%, com o custo da hora saltando de R$ 2 para R$ 3. A concessionária do serviço só aguarda a publicação do decreto no Diário Oficial de Campo Grande para implementar o novo valor.
Para garantir o lucro milionário à Flexpark, Marquinhos desconsiderou até a inflação dos últimos 24 meses, que elevaria o valor para R$ 2,27, usando o IPCA-E, o mesmo índice que deveria corrigir os salários dos 22 mil servidores municipais, mas que continuam sem reajuste por causa da crise.
No entanto, o prefeito vai dar um verdadeiro presente para a Flexpark. Com base no número de vagas de estacionamento na região central, o faturamento da empresa poderá passar de R$ 12 milhões para R$ 18 milhões por ano com o reajuste de 50%.
Esta não será a primeira polêmica envolvendo a controladora do estacionamento. A outra é o uniforme utilizado pelos supervisores, que seria igual ao usado pelos policiais militares. A estratégia, com o aval da prefeitura, é intimidar o usuário do serviço e garantir o faturamento da concessionária.
A Flexpark ganhou a licitação na gestão de André Puccinelli (PMDB) e teve o contrato renovado por mais 10 anos em 2012, no último ano de Nelsinho Trad (PTB), irmão do atual prefeito.
Aliás, a renovação fez parte de um pacote de Nelsinho. No apagar das luzes, ele fez a licitação do lixo, num negócio nebuloso para beneficiar o grupo do empresário João Amorim, o então cunhado, e que deu origem a Solurb. O negócio é alvo de investigação da Polícia Federal.
Também licitou o transporte coletivo para “renovar” a concessão, mas quem ganhou foram as mesmas empresas, as responsáveis pelo serviço caro e ruim.
O mais escandaloso foi a renovação da concessão de água e esgoto, que venceria em 2030, mas teve a renovação por mais 30 anos firmada em 2012, oito anos antes.