A Secretaria Estadual de Educação ignorou a denúncia de nepotismo, feita pelo O Jacaré em 5 de maio deste ano. No entanto, o MPE (Ministério Público Estadual) decidiu investigar, em sigilo, o “cabide de empregos” montado para acomodar filhas, esposas, cunhados e irmãos na pasta.
A promotoria promete não ficar restrita ao caso mais notório, que é o do primo da vice-governadora Rose Modesto (PSDB), Wellington Fernando Modesto da Silva, superintendente de Gestão de Pessoas na Secretaria de Educação. Ele emprega a mulher, a professora Cristiane Borges da Cunha Maggioni, como sua secretária.
Ela é cedida pela Prefeitura Municipal de Campo Grande com ônus para a origem, onde recebe proventos por dois cargos de professora. Não bastasse o nepotismo, ela ainda recebe do Governo estadual. O casal já é investigado desde o ano passado pelo MPE.
O MPE sinaliza que os outros casos serão investigados com o mesmo vigor adotado no interior, onde prefeitos são cobrados para exonerar parentes de toda sorte.
“Quanto as questões de nepotismo informo que as investigações estão em andamento. Por este motivo, para que não atrapalhe os trabalhos das investigações, prefere não se pronunciar”, informou a promotoria, por meio de nota, sem especificar quem entrou na mira dos inquéritos.
Acostumada a dar o exemplo, a secretária estadual de Educação, Maria Cecília Amendola da Mota, que empregou o genro Marcelo Salomão na pasta até ele ser acomodado na chefia do Procon, não se intimidou com a publicação das denúncias na sua pasta.
A única mudança que ela promoveu foi a destituição de Hélio Queiroz Daher, do comando da Superintendência de Administração, Orçamento e Finanças. Ele cedeu lugar para Cícero Vilela. No entanto, a família Daher continua em peso na pasta. Hélio se tornou assessor especial, sem função definida, a mulher, Alessandra Ferreira Beker Daher continua como coordenadora de Formação Continuada, e a cunhada, Joelma Daiane Beker Guinzelini, continua responsável pelo repasse das escolas integrais.
A prática do nepotismo continua no gabinete, chefiado pela professora Cláudia Aparecida Nogueira Lopes, que garantiu a filha, a psicóloga Paola Nogueira Lopes, a convocação como professora para jornada de 40 horas e ainda lhe garantiu a licença para fazer pós-graduação.
Cláudia ainda conseguiu um emprego para o marido, Paulo Lopes, na Secretaria Estadual de Administração e Desburocratização. Ele é o superintendente de Gestão da Folha de Pagamento, o cara responsável pela liberação dos salários dos 70 mil funcionários públicos estaduais.
O outro caso envolve o superintendente de Administração das Regionais, Juari Lopes Pinto, que garante empregos para a esposa, Eurisleide Moura Pinto, e o cunhado, Flávio Peixoto de Moura.
Para encerrar, a coordenadora de Contratos da Secretaria Estadual de Educação, Andréa Cristina Souza Lima, 37 anos, é irmã gêmea de professor convocado para trabalhar na Secretaria de Educação, André Gustavo Souza Lima 37.
O único problema no nepotismo é que a educação não adota a meritocracia para implementar melhorias no ensino. A prática é tão antiga e atrasada, mas, infelizmente, não ficou restrita aos tempos do coronelismo e a república velha.
Enquanto economiza com medidas que lotam as salas de aula e não cumpre a lei do piso nacional do magistério, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) retoma práticas que mais remetem ao passado do que melhorias para garantir o futuro das crianças e jovens.