Após o revés no Supremo Tribunal Federal, que manteve a delação premiada e a investigação da suposta propina de R$ 38,4 milhões, e a criação de CPI para investigá-lo na Assembleia, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) decidiu criar factoide, espécie de marketing furado, com as obras do prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad (PSD).
A situação do tucano é desesperadora, já que a investigação da corrupção delatada pelos executivos da JBS continua sob o comando do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e da Polícia Federal. E pior, os fatos são tão graves, que ele não conseguiu evitar nem a criação de CPI pelos deputados estaduais, sempre compreensíveis com as explicações apresentadas pelo governador de plantão.
Nem o encontro com o presidente da República, Michel Temer (PMDB), impopular quase absoluto e acusado de chefiar organização criminosa, serviu de alento para Reinaldo. Aliás, o jantar poderia ser uma oportunidade única para trocarem ideias sobre a estratégia de defesa contra os irmãos Batista, que seriam, segundo o governador, “líderes de uma organização criminosa”.
Acuado pelo avanço das investigações e com as finanças no vermelho, o tucano não tem obras de impacto para apresentar. Nesta semana, ficamos sabendo que o Governo não repassou R$ 15 milhões para o Fundo Municipal de Saúde, que seria repassado à Santa Casa. O hospital deixou de pagar os médicos e a categoria realiza greve, que comprometeu, mais uma vez, o atendimento à população.
No desespero, o tucano decidiu criar factoide. Reuniu-se com o ministro das Cidades, Bruno Araújo, do PSDB, posou para fotografia e produziram o fato “positivo”. O ministério vai liberar R$ 400 milhões para obras em Campo Grande.
Só faltou o governador admitir que não há nenhum centavo do Governo do Estado nestas obras. Aliás, até o tempo desperdiçado pelo governador em sair na foto com o ministro foi perdido, porque o ministro já tinha feito a mesma coisa Marquinhos nesta semana. Araújo, outro investigado por corrupção, já mostra algum tempo que não está preocupado com a imagem republicana.
As obras anunciadas por Azambuja foram iniciadas na gestão de Nelsinho Trad (PTB) e podem sair do papel na atual administração municipal, como é o caso do PAC Bálsamo, paralisada em decorrência de desapropriações e outros problemas burocráticos.
Reinaldo “anunciou” a revitalização da Avenida Ernesto Geisel, com investimento de R$ 47 milhões e com a licitação prevista para o dia 26 deste mês. O dinheiro está depositado na conta da prefeitura desde 2012.
Marquinhos irá lançar o novo corredor do transporte coletivo, que prevê o recapeamento de ruas como Bahia, 25 de Dezembro, Cônsul Assaf Trad e Coronel Antonino, dando sequência ao Corredor Sudoeste, lançado por Alcides Bernal (PP).
O governador pediu o chapéu emprestado de Marquinhos para fazer propaganda com as obras do município?
A sorte do governador é que o MPE (Ministério Público Estadual) não iniciou, ainda, a investigação da suposta “república da propina” instalada na Governadoria. Há um silêncio gritante sobre as denúncias veiculadas há quase um mês pelo Fantástico, onde dois empresários e o presidente de uma entidade, acusam “amigos” do governador de cobrar vantagens indevidas em troca da concessão de benefícios fiscais.
E o povo, será que mudou ou vai acreditar no factoide do governador, de que investirá R$ 400 milhões em Campo Grande, apesar do investimento ser federal e a execução ser de competência do município?