A Operação Lama Asfáltica ganhou novos desdobramentos após a 4ª fase, denominada Máquinas de Lama, realizada há um mês. A Polícia Federal comunicou à Justiça Federal a abertura de novos inquéritos para investigar o milionário esquema de corrupção montado em Mato Grosso do Sul. Com o desdobramento sem fim da investigação, a corporação vai precisar de um especialista ou uma equipe só para estudar os nomes das próximas operações.
Depois da operação mãe, chamada de Lama Asfáltica, realizada em julho de 2015, os federais já cumpriram outras três fases: Fazendas de Lama (maio do ano passado), Aviões de Lama (julho de 2016) e Máquinas de Lama (11 de maio deste ano).
Máquinas de Lama completa um mês
Com a apreensão de documentos e mais indícios, a PF comunicou e o juiz substituto Fábio Luparelli Magajewski, autorizou a abertura de novos inquéritos com base nas apreensões feitas nas casas dos investigados e de empresas que mantiveram ou continuam com contratos milionários com o Governo do Estado.
Até o momento, a investigação aponta indícios de que houve esquema de corrupção que desviou R$ 200 milhões do Governo estadual na administração de André Puccinelli (PMDB), que teve melhor sorte que o colega de partido no Rio de Janeiro. Sérgio Cabral (PMDB) é alvo de devassa semelhante, mas está atrás das grades desde novembro do ano passado.
Puccinelli já teve dois pedidos de prisão preventiva negados pela Justiça. O primeiro foi feito em julho de 2015 e negado pelo juiz Dalton Kita Conrado, da 5ª Vara Federal.
Neste ano, a juíza Monique Marchioli Leite, negou a prisão, mas determinou o monitoramento do peemedebista por meio de tornozeleira eletrônica. O ex-governador conseguiu habeas corpus para tirar o adereço oito dias depois, mas continua obrigado a comparecer ao Fórum todo mês.
A Operação Máquinas de Lama apreendeu planilha em poder dos investigados, como o ex-secretário adjunto de Fazenda, André Cance, que seria o operador do esquema do ex-governador, que pode comprometer mais políticos em Mato Grosso do Sul. A lista teria os nomes de beneficiados pelo esquema de propina na gestão peemedebista.
Com o desenrolar dos fatos, a Lama Asfáltica se transformou na versão regional da Lava Jato, a mega operação que vem implodindo Brasília, e continua causando desgaste dos principais políticos, apesar de nenhum estar preso, ainda.
Ao contrário do juiz Sérgio Moro, do Paraná, cujas decisões encontram respaldo no Tribunal Regional Federal da 4ª Região, as ações da Justiça Federal de MS sempre são revistas em São Paulo, onde fica a segunda instância, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região.
Como ocorre no filme estrelado pelo ator Matheus Solano, Em nome da Lei, se o juiz federal de MS manda prender, o TRF3 determina a soltura; se põe tornozeleira, o tribunal tira. Por enquanto, o TRF3 só manteve o bloqueio dos bens dos acusados de corrupção no valor de R$ 43 milhões, indisponíveis desde maio do ano passado.
Mas não é a única diferença. A maior ação de combate à corrupção está sendo conduzida por juízes substitutos, Monique Leite e Fábio Luparelli. Odilon de Oliveira, que conta com proteção da Polícia Federal 24 horas por dia, declarou-se suspeito e não aceitou conduzir a investigação contra os políticos.
Para sorte – ou seria azar dos sul-mato-grossenses – os inquéritos estão sob o comando do jovem juiz Fábio Luparelli, que ingressou na Justiça federal há menos de um ano e após ingressar com recurso.
Luparelli vai enfrentar os maiores mestres da área criminal, como o advogado Renê Siufi, que deve ter mais anos de experiência nos tribunais do que o juiz de vida.
Contudo, o jovem magistrado tem um ponto positivo fundamental: todas as operações atuais só estão tendo êxito porque os envolvidos – policiais, procuradores e juízes – são jovens e ingressaram há pouco tempo na carreira judiciária.