A partir do próximo mês, os moradores de Campo Grande devem começar a pagar em dobro a taxa de iluminação pública – isso significa que o contribuinte deve preparar o bolso, porque a conta de luz vai ficar mais salgada. No entanto, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) vai usar 30% do valor da Cosip (Contribuição para Manutenção do Serviço de Iluminação Pública) para cobrir o déficit das contas do município.
A Cosip é cara para o contribuinte e obrigatória, porque vem vinculada a conta de luz, serviço essencial. Agora, em decorrência do calote eleitoral aplicado por 25 vereadores no ano passado, que suspenderam a taxa para sacanear Alcides Bernal (PP) e conquistar alguns eleitores, a cobrança será dobrada.
Com problemas de caixa, Marquinhos optou pela saída mais fácil e onerosa para a população. Ao duplicar a cobrança da Cosip nos próximos seis meses, o principal objetivo é elevar a arrecadação sem o menor esforço.
Além da Cosip, o decreto assinado pelo prefeito e pelo secretário de Finanças e Planejamento, Pedro Pedrossian Neto, desvincula 30% do valor arrecadado com as multas de trânsito,que deveriam ser revertidas na sinalização das ruas e avenidas, na implantação de redutores de velocidade na frente de escolas e em campanhas educativas. As ações são necessárias, considerando-se que acidentes já mataram 35 pessoas de janeiro a maio deste ano, contra 27 no mesmo período do ano passado.
O transporte coletivo sofre com a precariedade dos terminais de ônibus e dos abrigos, que poderiam ser melhorados com a arrecadação com o serviço. No entanto, o prefeito também vai tirar dinheiro do setor para cobrir o déficit.
Apesar de jogar nas costas da população a conta do déficit nas contas municipais, Marquinhos não vê problemas em gastar para ajudar os amigos, como o secretário municipal de Saúde, Marcelo Vilela, que recebeu R$ 90 mil sem trabalhar no Hospital Regional. Para evitar a devolução do dinheiro pelo secretário, segundo o Governo estadual, o prefeito descontou o salário pago ao médico sem trabalhar uma única hora do repasse do ICMS.
O vereador Antônio Cruz (PSDB), além do salário e verba indenizatória pagos pela Câmara, vai receber salário integral como médico do município para “trabalhar” como dono do próprio hospital, o Evangélico.
Ainda há os cargos criados para acomodar vereadores e prefeito do interior derrotados nas urnas, que custam até mais que um secretário municipal, que continuam onerando a máquina municipal. Apesar dos secretários ganharam R$ 11,6 mil, alguns comissionados ganham até R$ 17 mil por mês, mesmo tendo função inferior.
Marquinhos só aproveitou uma emenda constitucional aprovada no ano passado, ainda na gestão do antecessor, Alcides Bernal, que prevê a desvinculação de 30% de receitas com destino carimbado.
É este o problema, ele ganhou a eleição com a promessa de fazer diferente – mais eficiência, melhoria nos serviços e menos reclamação.
Infelizmente, a população vê a prestação dos serviços piorar e a conta ficar mais cara.