Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde faz raio-X dos acidentes de trânsito em Campo Grande e revela algumas surpresas, como de que a avenida mais violenta não é a Afonso Pena. As principais causas de mortes são velocidade, condutor sem habilitação e avanço de sinal.
As conclusões constam do levantamento realizado no ano passado pelo Núcleo de Prevenção às Violências e Acidentes e Promoção à Saúde para subsidiar as ações do GGiT (Gabinete de Gestão Intergrada do Trânsito).
Com extensão de 10 quilômetros, canteiro central, duas faixas de rolamento nos dois sentidos e ligando os bairros Dom Antônio Barbosa e Itamaracá, a Guaicurus é a “avenida da morte” em Campo Grande.
Dos 83 óbitos registrados em 2016 na cidade, seis ocorreram na via. A Guaicurus desponta como campeã em acidentes com vítimas graves, com 44 casos no ano passado, quase o dobro da segunda colocada, a Avenida das Bandeiras (28).
A pesquisa revela que o excesso de velocidade é a principal causa das mortes na Capital, com 26%. Um terço das mortes ocorridas na Guaicurus, que permite ao motorista imaginar que está numa pista de corrida porque é larga, foi porque o condutor pisou fundo no acelerador.
Em segundo lugar no ranking de violência estão outras duas avenidas largas, com canteiro central e com boa fluidez no trânsito: Gury Marques, principal acesso à saída para São Paulo e às Moreninhas, e Ernesto Geisel, que liga das regiões norte e sul da capital. Cada uma teve quatro mortes em acidentes no ano passado.
O ranking é completado com as avenidas Duque de Caxias (2), Júlio de Castilho (2), Manoel da Costa Lima (2) e Das Bandeiras (2 mortes). Das quatro, só a última não tem canteiro central.
Já acidentes com vítimas graves, além da Guaicurus e Bandeiras, destacam-se: Gury Marques (26), Ernesto Geisel (25) e Duque de Caxias (17).
Os pesquisadores fizeram o levantamento minucioso para identificar as causas dos acidentes com mortes. A principal causa foi excesso de velocidade, responsável por 22 das 83 mortes em 2016. Esse dado é preocupante, porque os radares e lombadas eletrônicas estão desligados desde o início do ano.
O prefeito Marquinhos Trad (PSD) ainda nem lançou o edital de licitação para reativar os equipamentos eletrônicos, um dos principais instrumentos para reduzir a violência no trânsito. Só para se ter ideia do reflexo, as mortes já cresceram 29%, com 35 mortes contabilizadas de janeiro a maio deste ano, contra 27 no mesmo período do ano anterior.
A Perkons nem retirou os equipamentos, na esperança de que será a favorita na reativação dos equipamentos. Não é para menos. O esquema garante, pelo menos, R$ 12 milhões por ano.
Os condutores sem CNH causaram a morte de 16 mortes. Esse dado mostra que a blitz deveria focar no condutor. No entanto, de olho no caixa, o Governo prioriza o veículo para arrecadar com a cobrança de licenciamento e IPVA.
Álcool e avanço de sinal ficam em terceiro, com 12% do total dos óbitos no trânsito, seguidos pelo desrespeito à placa de PARE (10%) e infraestrutura (7%). Neste último item, os buracos podem estar incluídos, mas não foram destacados como única causa das tragédias nas ruas e avenidas.
No geral, no ano passado, houve redução das mortes no trânsito, de 93 para 83, sendo que a maior redução ocorreu entre os motociclistas, principais vítimas, de 62 para 48 (-22,8%) e de pedestres, de 20 para 17 (-15%).
No entanto, houve aumento de 50% nas mortes de ciclistas, de 6 para 9, o que reflete a falta de mais ciclovias. Nelsinho Trad (PTB) implementou um programa agressivo de construção de ciclovias, mas o programa não teve continuidade, para infelicidade dos adeptos de um meio de transporte considerado legal, por contribuir com o meio ambiente e com a saúde ao garantir a atividade física.