Com ações ostensivas e cinematográficas do crime organizado em Mato Grosso do Sul, como o caso do assalto ao carro forte com metralhadora .50 e dinamite na rodovia entre Caarapó e Amambaí, levantamento inédito do MPE (Ministério Público Estadual) apontou falhas na ações do Governo estadual na fronteira.
Para tentar minimizar as falhas no setor, o juiz Maurício Cleber Miglioovanzi Santos, da Vara de Fazenda Pública e Registros Públicos de Corumbá, concedeu liminar para proibir a transferência de policiais do 6º Batalhão da Polícia Militar sob pena de multa de R$ 25 mil por cada PM. Também determinou o retorno imediato, sob pena de multa de R$ 5 mil, de todos os policiais militares removidos de Corumbá.
O magistrado acatou parcialmente pedido do MPE, que apontou falhas gravíssimas na segurança da região de fronteira. O batalhão conta com 146 policiais militares, sendo que apenas 90 atuam no policiamento ostensivo da região, que engloba 150 mil habitantes e tem extensão de 386 quilômetros com a Bolívia e o Paraguai.
Após dois anos e meio de administração, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) não garantiu o mínimo de segurança para os moradores, os estrangeiros e os turistas que visitam a região pantaneira. “Corumbá possui a pior proporção entre policiais militares e habitantes”, observa o juiz, alarmado com a situação.
Segundo o MPE, autor da ação civil pública, o 6º BPM deveria ter 376 militares no policiamento preventivo, mas só conta com 90. O déficit é de 237 policiais. Não bastasse a falta de pessoal, o levantamento ainda apontou “diminuta quantidade e qualidade de viaturas, armamentos e munições”.
O telefone 190, que atende os chamados de emergência da PM, não dispõe de identificador das chamadas para evitar trotes nem de aparelho para registro das conversações.
A situação caótica na fronteira é revelada na mesma época em que criminosos mostram o poder bélico no Estado. Nesta quarta-feira, criminosos fortemente armados interceptaram o carro forte da Brink, transportadora de segurança, e o tiraram da estrada com metralhadora .50. Em seguida, com carga de explosivos, destruíram totalmente o veículo e levaram a fortuna transportada.
Mais informada e aparelhada que a polícia sul-mato-grossense, a Polícia do Paraguai já divulgou que o crime foi praticado pelo PCC, a sigla da facção criminosa surgida nos presídios paulistas nos anos 90 e que vem assustando o Brasil. O Paraguai até informou que o grupo estaria em Capitan Bado, cidade paraguaia na divisa com Coronel Sapucaia.
As primeiras informações mostram que um grupo criminoso chegou a Capitan Bado poucos dias antes do assalto cinematográfico em Caarapó. Somente após a divulgação, a força policial de MS – que inclui as polícias de elite da Polícia Civil (Garras), da PM(Bope) e da Fronteira (DOF) – foi enviada à região.
No entanto, até o momento, não há informações sobre os criminosos que praticaram o roubo.
O mais vexatório é que o assalto ocorreu justamente no momento em que o governador participava de solenidade para homenagear integrantes do DOF em Dourados. Policiais foram obrigados a deixar a solenidade festiva às pressas para iniciar a caçada aos bandidos, que além de abusados, expuseram de forma vergonhosa a prioridade do atual Governo, que prefere os holofotes à prática real de combate ao crime organizado.