Mato Grosso do Sul registrou a morte de 7.424 pessoas em 10 anos, entre 2005 e 2015, o que representa mais que o dobro do total de mortos em todos os atentados terroristas registrados neste ano no mundo. Apesar do número expressivo, o Atlas da Violência 2017 traz indicadores positivos, como a redução de 14,2% nos assassinatos no período.
Houve queda drástica, de 48,2%, no número de mortos em confronto com a polícia. Em 2014, 87 pessoas morreram em suposto confronto com a polícia. No ano seguinte, o primeiro de Reinaldo Azambuja (PSDB), foram 45. O antecessor do tucano, André Puccinelli (PMDB) foi um grande incentivador das execuções.
Era comum o peemedebista defender a execução de suspeitos pela polícia, antes de julgamento. Puccinelli chegou a declarar que “bandido bom, era morto” e “bandido tinha que ser recebido a bala”. A princípio, parece que a tropa cumpria fielmente as determinações do governador.
Divulgado pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o atlas não citou, pela primeira vez, nenhuma cidade de Mato Grosso do Sul entre as 30 mais violentas do País. O ranking é liderado por Altamira (PA), que registrou 114 homicídios em 2015.
Por outro lado, nenhuma cidade também está no ranking da paz, que elenca as menores taxas de homicídio. A líder deste ranking é Jaraguá do Sul, de Santa Catarina, com apenas cinco assassinatos.
Em 2015, o estado registrou 634 mortes violentas, crescimento de 0,5% em relação a 2005 (631). No entanto, quando se considera a evolução da população e se calcula a proporção de mortes em relação a 100 mil habitantes, houve queda de 14,3%, de 27,9 para 23,9.
O número de mulheres mortas teve redução de 17,1% em 10 anos, de 70 para 58. No entanto, 2014 foi um ano violento, com 85 assassinatos de mulheres.
A redução em 2015 pode ser consequência dos investimentos realizados por Puccinelli, que firmou acordo com os policiais para conceder reajuste salarial e comprou viaturas e armamentos.
No entanto, quem deve faturar os bons números será o atual governador, em apuros com as denúncias de cobrança de propina, e desesperado por boas notícias.
Nesta segunda-feira, por exemplo, Azambuja enfrentou protestos de policiais e militares que cobram reajuste salarial. Desde que assumiu, o tucano só concedeu abono de R$ 100 a R$ 200 e só começou a entregar novas viaturas no fim deste semestre.