O doleiro Lúcio Funaro, preso acusado de integrar o esquema do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), pagou R$ 1 milhão em propina ao ex-governador André Puccinelli (PMDB). A revelação consta da delação premiada do ex-presidente da JBS, Joesley Batista, e da planilha entregue ao Supremo Tribunal Federal.
Conforme depoimento de Joesley no âmbito da Operação Lava Jato, Funaro e Cunha controlavam o esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal, no FI-FGTS (Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e no Ministério da Agricultura e Pecuária.
Na longa lista de propina entregue à Procuradoria Geral da República sobre o esquema com o doleiro, a JBS informa o crédito de R$ 1 milhão para Mato Grosso do Sul.
Na delação homologada pelo Supremo, Joesley esclarece que o doleiro foi usado para quitar uma dívida com Puccinelli. A propina foi repassada a Ivanildo da Cunha Miranda, empresário e pecuarista, que foi o operador do esquema do ex-governador na época.
Funaro era o doleiro do esquema de corrupção montado por Eduardo Cunha e está preso por determinação do juiz Sérgio Moro.
O curioso no depoimento do dono da JBS sobre Funaro é que chega a um momento em que não consegue explicar o destino de R$ 7 milhões.
Esta parte da delação só se refere ao esquema de Eduardo Cunha, que recolhia a propina por meio do doleiro Lúcio Funaro.
Na parte referente a MS, os irmãos Joesley e Wesley Batista acusam o ex-governador André Puccinelli de ter recebido R$ 112,5 milhões em propinas, sendo R$ 60 milhões por meio de doleiros, R$ 30 milhões em espécie e R$ 22,5 milhões por meio de notas fiscais falsas. Ele cobrava 30% do benefício em propina, segundo a denúncia.
O ex-governador, que já chegou a usar tornozeleira eletrônica na Operação Máquinas de Lama e está com os bens bloqueados há um ano pela Justiça Federal, nega as acusações. Ele tem enfatizado que vai apresentar os documentos para provar a verdade.
Além de Ivanildo, segundo a JBS, o outro operador do esquema do peemedebista é André Cance, ex-secretário adjunto de Fazenda, que chegou a ter a prisão preventiva decretada pela Justiça na Operação Máquinas de Lama.
Nesta quinta-feira, o Campo Grande News publicou reportagem em que complica mais a situação de Puccinelli. De acordo com o jornal, as tabelas da propina da JBS conferem com as planilhas apreendidas na casa de Cance, o suposto operador do esquema que desviou R$ 150 milhões dos cofres públicos.