O “Novo Tempo” prometido na campanha eleitoral pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) não era para melhor, mas um pesadelo. Após torrar R$ 1,4 milhão com consultoria do MBC (Movimento Brasil Competitivo), que prometia modernas ferramentas de gestão e eficiência, a administração tucana contabiliza rombo milionário nas contas públicas e deixará os 72 mil servidores públicos estaduais sem reajuste pelo terceiro ano consecutivo.
Reinaldo criou factoides na posse, como reduzir o próprio salário pela metade, redução de 20% no número de cargos comissionados e do custeio e de 25% nos contratos com terceiros. Na ocasião, prometeu recolocar 800 professores que estavam fora das escolas de volta às salas de aula.
Ainda na lua de mel com a opinião pública, o tucano aproveitou para firmar convênio com o MBC, do empresário Jorge Gerdau Johannpeter, que prometia gestão eficiente, transparente e com metas visando alcançar “resultados expressivos”. O tucano gabava-se que iria “recuperar a situação econômica e melhorar os serviços básicos prestados à sociedade”.
Dois anos e meio depois, os balanços financeiros mostram um desastre nas contas estaduais. A receita cresceu apenas 8%, de R$ 3,730 bilhões para R$ 4,031 bilhões no primeiro quadrimestre do ano. Já as despesas, aquelas que teriam redução, cresceram 20%. O engraçado que este número era a redução do custeio.
O resultado foi trágico. A administração estadual fechou abril com déficit de R$ 273 milhões, contra superávit de R$ 148 milhões no mesmo período do ano passado.
A dívida pública líquida disparou e cresceu R$ 1 bilhão em dois meses, de R$ 6,887 bilhões para R$ 7,889 bilhões. A dívida total atingiu R$ 9,091 bilhões.
Nesta quarta-feira, o governador confirmou o previsível desde que prorrogou o abono de R$ 100 a R$ 200 até 2018. Os 72 mil funcionários públicos terão reajuste zero pelo terceiro ano consecutivo.
E o pior, mesmo não dando corrigindo os salários do funcionalismo pela inflação e prometendo reduzir os cargos comissionados em 20%, o Governo contabilizou crescimento de 22% no gasto com pessoal, de R$ 2,5 bilhões para R$ 3,062 bilhões.
Com a queda na arrecadação com o gás boliviano, reflexo das medidas do tucano Pedro Parente na Petrobras, a receita com ICMS caiu 7,2%, de R$ 1,486 bilhão para R$ 1,379 bilhão.
Sem obras, com investimentos de apenas R$ 251,6 milhões – reflexo das obras de pontes e pavimentação nas cidades – o Governo patina sem a realização de grandes obras estruturais. Desde o ano passado, Reinaldo promete pacote de investimento de R$ 1,7 bilhão, mas nunca tira o plano do papel. Agora, com as denúncias de cobrança de propina abalando a Governadoria, os projetos correm risco de nem sair da gaveta.
Apesar do caos financeiro, nem todo mundo saiu perdendo com a gestão tucana. O Movimento Brasil Competitivo já recebeu R$ 1,281 milhão dos R$ 1,4 milhão empenhados pela consultoria para modernizar a máquina estadual. É claro, que o valor não inclui os gastos com viagens e hospedagens do governador e da mega equipe que implementaria as técnicas de “eficiência”.
Nem a reforma administrativa feita em março deste ano, no meio do governo, que prometia economia de R$ 134 milhões, evitou o rombo nas contas públicas.
E o pior ainda está por vir, já que as prioridades de Reinaldo Azambuja, é concluir o mandato. Acusado de cobrar R$ 38,5 milhões de propina da JBS,ele enfrenta cinco pedidos de impeachment na Assembleia e é alvo de investigação do MPE (Ministério Público Estadual).
A sorte é que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) ainda não abriu o processo para apurar as denúncias feitas na delação premiada da JBS.
O governador não é o único investigado por corrupção. O secretário estadual de Fazenda, Márcio Monteiro, também está em apuros, já que é investigado pelo promotor Marcos Alex Vera, da 30ª Promotoria do Patrimônio Público, um dos poucos a não se acovardar diante dos poderosos de plantão na cidade.
Ou seja, se o governador não conseguiu evitar o caos administrando em céu de brigadeiro, não deverá resolver a situação o Titanic afundando.