Concessionária dos serviços de água e esgoto de Campo Grande, a empresa Águas Guariroba ampliou em R$ 3 milhões o valor destinado para o pagamento dos salários dos diretores, o que significa quase o dobro do previsto inicialmente. E mais, na assembleia dos acionistas deste ano, foi aprovado a criação de mais um cargo de diretor, que não tem designação específica.
Apesar da companhia ser privada, sob controle da Aegea, do grupo Equipav, o valor gasto com salários é de interesse público, porque é incluído no cálculo da tarifa paga pelos 315,6 mil consumidores da Capital.
Conforme a ata publicada no Diário Oficial de terça-feira, os acionistas aprovaram elevar o valor destinado para salários da diretoria e do Conselho de Administração de R$ 3,7 milhões para R$ 6,7 milhões.
O acréscimo de R$ 3 milhões representa o dobro do investimento feito pela empresa em saneamento no primeiro trimestre deste ano na cidade, que foi de R$ 1,6 milhão, conforme o balanço do período informado aos investidores.
Atualmente, a concessionária tem três diretores: presidente, o engenheiro agrimensor Guillermo Delluca, executivo, o engenheiro civil Josélio Alves Raymundo, e de relações com investidores, o economista Flávio Martins Crivellari.
Na última assembleia, foi criado um quarto cargo, o de diretor sem designação específica. Parece estranho, mas o cargo recebeu esta denominação e não teve o nome do ocupante definido até o momento, pelo menos, oficialmente.
Em nota lacônica, a assessoria de imprensa confirma o reajuste de 81%, mas não fala em números. “O valor inicial baseava-se em estimativa para o ano e foi reajustado, em Assembleia Geral Extraordinária, para adequar-se às políticas de remuneração e retenção de executivos”, explicou.
Já sobre a criação do quarto cargo de diretor, que consta da ata da assembleia extraordinária, a assessoria diz que a “Águas não criou o cargo de diretor no ano passado”.
Os altos salários pagos aos executivos foi a causa da primeira grande crise na concessionária da Capital. Em 2003, o então prefeito, André Puccinelli (PMDB) interveio na empresa e afastou os dirigentes, sob controle da espanhola Agbar (Águas de Barcelona) e Cobel Engenharia.
Dois anos depois, o grupo repassou a empresa para o controle da Equipav e Bertin. Atualmente, a concessão está sob o comando da Equipav, já que o grupo Bertin abriu mão para priorizar os investimentos na geração de energia.
No ano passado, a Águas teve lucro de R$ 133,1 milhões. Neste ano, após o reajuste de 8,5% autorizado no apagar das luzes pelo prefeito Alcides Bernal (PP), o lucro saltou para R$ 40,2 milhões no primeiro trimestre, crescimento de 27,6% em relação ao mesmo período de 2016, quando foram R$ 31,5 milhões.
O número de ligações de esgoto cresceu, de 62,3% para 63,92% do total atendido com água, alcançando 201,8 mil imóveis na cidade.