Um caso rumoroso deve chegar ao desfecho neste semestre na 2ª Vara Criminal de Campo Grande. Quadrilha composta por 19 pessoas é acusada de furtar e vender 7 mil bovinos entre março e dezembro de 2008 de quatro fazendas. As vítimas do golpe foram o ex-secretário estadual de Fazenda, Thiago Franco Cançado, e o médico José Eduardo Prata Cançado, que teriam prejuízo de R$ 7 milhões.
É um dos maiores golpes praticados por supostos ladrões de gado em Mato Grosso do Sul. Em decorrência da ação do grupo, o chefe do fisco estadual na gestão de Wilson Barbosa Martins (PMDB), quase foi a falência. Ele também foi secretário estadual de Administração na gestão de Marcelo Miranda.
Thiago enfrenta ações de cobrança milionária na Capital e no interior em decorrência do suposto golpe. Só em Coxim, conforme matéria do Midiamax publicada em 2009, ele estaria devendo R$ 6 milhões.
Segundo a denúncia feita pelo promotor de Justiça, Gilberto Robalinho da Silva, a situação do ex-secretário é dramática. Ele teria vendido a casa para quitar as dívidas e ainda estaria morando de aluguel em um apartamento.
Os acusados pelo furto milionário estão sendo levados a julgamento e, uma das quatro audiências previstas, ocorreu na tarde de ontem na 2ª Vara Criminal em Campo Grande.
Thiago e José Eduardo contrataram o advogado Renê Siufi, um dos maiores criminalistas do Estado, para reforçar a acusação, feita pelo MPE (Ministério Público Estadual). Eles não perdoam o administrador Luís Cláudio Vital Oshiro, o Japonês, 45 anos, que era o respnsável pela gestão das quatro fazendas: Três Marias, Santa Rita, Juriti e Jangada.
Uma das alegações de Thiago para não acompanhar a situação das fazendas de perto foi a morte da esposa em decorrência de câncer. Como ficou muito abalado com a viuvez e com pouco tempo, ele depositou total confiança no administrador, que teria se aproveitado da carta branca para ficar rico.
A quadrilha foi presa pelo Garras e denunciada à Justiça pelo furto de gado, organização criminosa, falsificação de documentos e falsidade ideológica em 2013.
Conforme a investigação da polícia, eles compravam gado em nome dos pecuaristas e os revendiam para abate em frigoríficos, para terceiros e em leilões rurais. Para conseguir êxito nas atividades, o Japonês até arrendou uma fazenda em Campo Grande para encaminhar o gado furtado.
A organização criminosa furtou bezerros, novilhas, bovinos para abate e vacas. A Iagro demitiu o funcionário Wesllley Silva do Nascimento, que era o integrante do grupo e acessava o sistema da agência agropecuária para adulterar os dados e facilitar o furto.
Este processo era o motivo do pedido feito pelo advogado Renê Siufi para adiar o julgamento do ex-prefeito da Capital, Gilmar Antunes Olarte, que acabou condenado na manhã de quarta-feira a oito anos e quatro meses de prisão.