O estilo Marquinhos Trad (PSD) vai por a “crise” na conta dos 22 mil servidores públicos municipais, sem reajuste há três anos. No entanto, enquanto castiga os trabalhadores, ele contemplou com reajuste de 50% o ex-prefeito de Naviraí, Leandro Peres de Matos, o Léo Matos, que é investigado pela Polícia Federal por desviar remédios da rede pública de saúde.
Aliás, apesar de perder a reeleição em Naviraí, a 356 quilômetros de Campo Grande, o ex-prefeito ganhou como presente pela derrota um cargo na gestão de Trad. Para trocar a potente cidade do cone sul pela Capital, ele foi alocado no cargo de “assessor executivo”na prefeitura, sem ter uma função definida.
Definido mesmo foi só o salário, que, por sinal é maravilhoso. Em março, conforme o Portal da Transparência, Matos teve vencimento de R$ 8.079,12. No mês passado, ele foi agraciado pela segunda vez por Marquinhos, com um reajuste de 49,9%, o que elevou o seu subsídio paraR$ 12.118,68, superior ao valor pago ao secretário municipal de Governo, Antonio Lacerda, que teve R$ 11,6 mil em abril.
Várias fatores são estranhos na “nova política” prometida por Marquinhos na campanha eleitoral do ano passado.
Por exemplo, Leo Matos foi alvo da Operação Tarja Preta, da Polícia Federal, que encontrou provas do desvio de R$ 530 mil em medicamentos do SUS (Sistema Único de Saúde). Ontem, ele foi alvo da segunda fase da investigação.
De acordo com a CGU (Controladoria Geral da União), foi cumprido mandado de busca e apreensão em “uma residência de indivíduo suspeito de participação direta na organização criminosa”. O cidadão citado na nota era Matos, o assessor executivo de Marquinhos.
Em entrevista ao Campo Grande News, Léo Matos negou as denúncias e alegou ser alvo de perseguição da PF, a mesma estratégia adotado por políticos até gravados cometendo crimes, como o senador Aécio Neves (PSDB) e o presidente Michel Temer (PMDB).
Ele já foi denunciado pelo Ministério Público Federal por improbidade administrativa envolvendo R$ 300 mil.
O MPE (Ministério Público Estadual) também tem várias ações por improbidade administrativa contra Matos. Em uma, ele é acusado de pagar R$ 40 mil ao cantor David Quinlan, que não fez o show porque choveu muito e ficou por isso mesmo. Não cobrou a devolução nem a realização do show em outro dia.
Em uma ação penal, ele é acusado de ter pago R$ 150 mil pelo apoio do então vereador Marcus Douglas Miranda (PTN).
No entanto, enquanto dá benefícios ao assessor suspeito de “algumas irregularidades” e importado, Marquinhos Trad vai castigar, sem dó, os funcionários municipais. Os professores vão perder gratificações para dar aulas em escolas localizadas na zona rural ou locais de difícil acesso.
Os professores vão ser “punidos” duplamente, já que não recebem o piso nacional para a jornada de 20 horas, prevista em lei sancionada pelo irmão do atual prefeito, Nelsinho Trad (PTB).
Ele ainda vai cortar gratificações e mudar a carga horária de coordenadores de creches. Enquanto garante super salários para os amigos contemplados com “boquinhas”, expressão usada por Trad para atacar Athayde Nery na campanha eleitoral, o prefeito não vai ter dó dos funcionários para economizar de R$ 3,4 milhões a R$ 5,5 milhões.