O secretário estadual de Fazenda, Márcio Monteiro, confirmou a venda de gado para o grupo JBS em dezembro do ano passado. No entanto, em comunicado à imprensa, ele nega que vendeu “vaca de papel” para legalizar o pagamento de propina ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB).
O escândalo começou com a homologação da delação premiada de sete executivos do grupo JBS pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal. Conforma a denúncia, o tucano usou notas fiscais falsas de produtores rurais para simular venda de gado e “esquentar” o pagamento de R$ 15,497 milhões em propinas. Ele recebeu vantagens indevidas para conceder R$ 996 milhões em isenções para a multinacional, a maior produtora de carne do mundo.
Entre os produtores, conforme depoimentos de Wesley Batista, está Monteiro. Ele emitiu uma nota no valor de R$ 333,2 mil em dezembro passado. Segundo o JBS, a nota é falsa e não houve a entrega do gado bovino.
Em nota à imprensa, Márcio Monteiro rechaça, de forma veemente, a acusação dos irmãos Batista. “No ano de 2016 efetivamente vendi, e entreguei, gado à indústria JBS para abate, assim como fiz à (sic) outros frigoríficos”, destacou.
Ele ressalta que é produtor rural há mais de 30 anos em Jardim, onde foi prefeito por duas ocasiões. Monteiro garante que a venda do gado denunciada está declarada à Iagro e à Receita Federal.
“Oportuno ainda esclarecer que não conheço os irmãos Wesley e Joesley Batista; nunca conversei ou encontrei os mesmos, e os desafio a provar os fatos alegados referente à minha pessoa”, desafia.
Monteiro, presidente regional do PSDB, e Reinaldo Azambuja caíram numa cilada, digamos assim. Antes da denúncia chegar aos tucanos, eles chegaram a condenar os petistas citados em delações premiadas.
Durante a campanha de 2014, Azambuja chegou a chamar os petistas de integrantes de uma quadrilha em decorrência das delações feitas na Lava Jato. Agora, eles se juntam às estrelas do PT no rol de suspeitos.
Neste sábado, em Dourados, o tucano se mostrou mais comedido a respeito das denúncias e pediu investigação para esclarecer os fatos.
Infelizmente, o governador tem razão. A delação premiada não é prova de que os citado são corruptos. No entanto, com a população indignada com os desmandas e desvios em todas as esferas, enquanto políticos decidem impor sacrifícios ao povo, será difícil não ter desgaste a esta altura dos fatos.
Confira a nota oficial:
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Considerando a delação de Wesley Batista, indicando que eu teria emitido nota fiscal de venda de gabo (?) bovino, sem a efetiva entrega do produto, tenho a esclarecer o seguinte:
Que no ano de 2016 efetivamente vendi, e entreguei, gado à indústria JBS para abate, assim como o fiz à (?) outros Frigoríficos. Tal rebanho é oriundo de minha propriedade rural, onde exerço a atividade agropecuária por mais de 30 anos, localizada no Município de Jardim.
O rebanho abatido, citado na delação, assim como todo meu patrimônio estão devidamente declarados nas minhas Declarações de Bens, Declaração Anual de Produtor e no sistema de registro de candidatos das eleições de 2014, quando concorri a deputado federal.
Oportuno ainda esclarecer que não conheço os irmãos Wesley e Joesley Batista; nunca conversei ou encontrei os mesmos, e os desafio a provar os fatos alegados referente à minha pessoa.
Sou o maior interessado no aprofundamento das investigações, para que a verdade venha à tona, e estou à disposição das autoridades competentes para prestar os esclarecimentos relacionados aos fatos aqui mencionados.
Campo Grande, MS, 20 de maio de 2017.
Marcio Campos Monteiro