A delação dos donos do JBS,maior produtor mundial de carnes, implodiu a política de Mato Grosso do Sul. Em delação premiada, Wesley Mendonça Batista entrega os esquemas de pagamento de propinas aos governadores do Estado nos últimos 20 anos. O líder do ranking é André Puccinelli (PMDB), que recebeu R$ 112,3 milhões em oito anos.
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB), além dos R$ 10,5 milhões em doações oficiais na campanha de 2014, recebeu R$ 12,9 milhões e ainda fez reuniões na Governadoria para entregar notas frias para justificar o pagamento da propina.
Zeca do PT foi à sede da empresa pegar mala com R$ 3 milhões para a campanha de 2010. O petista só está em último lugar no ranking porque o empresário não tem recordação nem documentos da sua gestão, que foi de 1999-2006, mas o acusou de cobrar propina de 20% para conceder isenções fiscais.
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A delação dos empresários do JBS expõe a vergonhosa prática política dos governantes de Mato Grosso do Sul. Apesar da isenção fiscal estar prevista em lei e ser fundamental para a geração de empregos, os três governantes só autorizavam o beneficio em troca de propina.
A delação expõe a nu os políticos sul-mato-grossense, que são tragados pelo mega escândalo da Lava Jato.
A delação contra Puccinelli confirma as investigações da Policia Federal na Operação Máquinas de Lama, de que o peemedebista só concedeu incentivos ao JBS mediante o pagamento de propina.
Os dois operadores do esquema do peemedebista foram alvos da Máquinas de Lama. Ivanildo Miranda foi operador do esquema por sete anos. Só foi substituído em 2014 pelo então secretário adjunto de Fazenda, André Luiz Cance, que chegou a ter a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal. Ivanildo foi levado coercitivamente para depor.
Wesley diz que André recebeu R$ 60 milhões por meio de doleiros, que recebiam o pedido da multinacional e faziam o pagamento a terceiros nominados pelo ex-governador. Outros R$ 30 milhões foram pagos em espécie.
O empresário João Amorim, amigo de longa data do peemedebista, é citado por meio da Proteco. A empreiteira recebeu R$ 9,5 milhões como parte do esquema de André. Segundo o sócio da JBS, Amorim emitiu notas fiscais de venda de gado para justificar o pagamento da propina ao ex-governador.
Ele cita nominalmente o pagamento de R$ 2,8 milhões para o Ibope, que fazia as pesquisas eleitorais. Aliás, o instituto ganhou fama no Estado ao manipular os números para beneficiar os candidatos de Puccinelli, como foi o caso de Edson Giroto em 2012. Em 2014, o Ibope apontou a vitória de Delcídio do Amaral, na época no PT, segundo a TV Morena, mas Reinaldo venceu com ampla vantagem e fora do empate técnico.
A JBS pagou R$ 1,2 milhão para o Instituto Ícone de Estudos Jurídicos, que tem o professor universitário e filho do ex-governador, André Puccinelli Júnior, entre os sócios. Ele também é investigado na Máquinas de Lama.
A delação explosiva envolve outro personagem da operação, o dono da Gráfica Alvorada, Micherd Jafar Júnior. A empresa dele teve dois repasses, de R$ 980 mil e R$ 2,9 milhões. Vanildo Miranda ainda apresentou notas fiscais frias para receber R$ 5 milhões.
O esquema foi mantido pelo governador atual. Em dezembro de 2015, Reinaldo concedeu R$ 996 milhões em incentivos fiscais a quatro empresas do grupo.
O incentivo garantiu a geração de empregos e desenvolvimento de quatro regiões do Estado, mas não saiu barato para a JBS. Para conceder o incentivo, o tucano produziu notas frias e entregou em mãos para o operador do grupo em reunião na Governadoria. Foram R$ 10 milhões em dinheiro vivo.
Outros R$ 2,9 milhões foram pagos ao tucano por meio de notas fiscais frias emitidas pela Buriti, outro frigorífico.
Reinaldo ainda assumiu o compromisso de pagar R$ 12 milhões que foram investidos na campanha de Delcídio do Amaral em 2014. O petista não declarou o recebimento da fortuna à Justiça Eleitoral. Ele tinha assumido o compromisso de pagar à JBS caso fosse eleito governador.
Wesley dá a entender que o tucano honrou o compromisso de quitar a dívida do “amigo”. Reinaldo só não foi companheiro de chapa de Delcídio – disputando o Senado – porque a dobradinha foi vetada pela direção nacional do PT.
Já percurso do suposto esquema de cobrança de propina foi Zeca do PT, eleito pela primeira vez em 1998. O empresário disse que a propina era de 20% do valor, mas não tinha números contra o petista, porque os documentos já foram jogados fora.
No entanto, fábrica da corrupção, a JBS recebeu a visita de Zeca em 2010, quando o outro sócio, Joesley Batista lhe entregou em mãos R$ 3 milhões. Segundo a delação, o petista só declarou R$ 1 milhão.
O primeiro a se manifestar sobre a denúncia foi o deputado federal Zeca do PT. Abaixo, a nota na íntegra:
NOTA SOBRE A CITAÇÃO NA DELAÇÃO DO JBS
O deputado Zeca do PT não tem o menor temor da alardeada delação dos executivos do grupo JBS, já que na condição de ex-governador do Estado, nunca pediu e nem tomou conhecimento de que alguém tenha pedido propina ao referido grupo em seu nome ou em nome do seu governo.
Resta desafiado que seja apresentado qualquer prova ou indício do fato aludido na referida delação.
O Deputado Zeca do PT confia que o poder judiciário ao final da apuração saberá distinguir as verdadeiras imputações daquelas que tem um único propósito: Obter benefício com uso indevido da delação premiada.
Deputado Federal Zeca do PT
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