O presidente da República, Michel Temer (PMDB), o primeiro na história investigado pelo Supremo Tribunal Federal, anunciou que não vai renunciar ao mandato. Ele já alvo de dois pedidos de impeachment. O terceiro é assinado por sete deputados federais do PSDB – entre os signatários está Elizeu Dionízio, de Mato Grosso do Sul.
Segundo delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista JBS, Temer deu aval para a empresa comprar o silêncio do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), condenado a 15 anos de prisão na Operação Lava Jato e detido em Curitiba desde o ano passado.
O deputado Rodrigo Rocha Loures, do Paraná, o estado da famosa República de Curitiba, foi nomeado interlocutor do presidente junto ao grupo JBS. Além da propina de R$ 500 mil, que foi filmada pela Polícia Federal, Loures ofereceu ao JBS a possibilidade de nomear representantes para vários órgãos importantes do Governo, como o Banco Central, Petrobras e o Cade.
Diante da evidência gravíssima dos fatos, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, autorizou a abertura de inquérito contra Michel Temer.
Ele já tinha sido citado por delatores da Odebrecht, de que teria recebido R$ 10 milhões para a campanha do PMDB, do qual era presidente, em 2014, durante reunião no Palácio Jaburu, residência oficial do vice-presidente da República.
Odebrecht também citou o pagamento de propina de US$ 40 milhões ao presidente Temer, que teria sido negociada em seu escritório político em São Paulo.
O primeiro pedido de impeachment foi protocolado pelo deputado Alessandro Molon, da Rede. O segundo foi pedido pelo senador Randolfe Rodrigues (PSOL).
O terceiro é assinado pelo deputado federal Elizeu Dionizio e outros seis parlamentares do PSDB. Eles integram a base aliada de Temer no Congresso Nacional. Além disso, os tucanos comandam os ministérios das Cidades, de Relações Institucionais e das Relações Exteriores.
“Não podemos aceitar a corrupção. As denúncias envolvendo o presidente Michel Temer são graves e mostra que um novo grupo assumiu o poder, mas continuou com as velhas práticas”, destacou Dionízio.
“Todos os envolvidos devem ser punidos de forma exemplar, até o presidente nacional do meu partido”, destacou, sobre a denúncia contra o senador afastado Aécio Neves, acusado de cobrar R$ 2 milhões do JBS e entregar o dinheiro a uma empresa do senador Zezé Perrela (PSDB). Ele defendeu o afastamento de Aécio do comando do partido, ocorrido na manhã de hoje.
O deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) considerou gravíssimas as denúncias e defendeu a renúncia de Temer.
Em pronunciamento à nação, na tarde de hoje, Temer foi enfático: “não renunciarei”.
A pergunta que fica não é se ele não vai renunciar. Jornalista e políticos só querem saber até quando ele vai aguentar permanecer no cargo.