Para por fim à ofensiva da Polícia Federal, os donos do JBS decidiram propor delação premiada e entregar todos os políticos envolvidos. Especula-se que seriam 1.890 em todo o País. Bombástico, os depoimentos dos irmãos Joesley e Wesley Batista implodiram a “república” e devem chegar a base da pirâmide política.
Michel Temer (PMDB), primeiro presidente na história gravado comprando silêncio de um condenado para barrar a Lava Jato, e o senador afastado Aécio Neves (PSDB), que “pediu” R$ 2 milhões para pagar um advogado, não devem ser os únicos implicados na explosiva delação.
Em Mato Grosso do Sul, a companhia recebeu benefícios bilionários dos governos de André Puccinelli (PMDB) e Reinaldo Azambuja (PSDB), que receberam doações generosas. A relação com o ex-governador já veio a público a Operação Máquinas de Lama, na 4ª fase da Lama Asfáltica. O peemedebista concedia isenção fiscal em troca de propina, de acordo com investigação policial.
Por enquanto, as tratativas entre o tucano e a multinacional são um mistério. No entanto, os laços entre o grupo, que assumiu não ter escrúpulos na hora de corromper os gestores públicos, e Azambuja são notórios. A primeira evidência surgiu na campanha eleitoral de 2014, quando ele recebeu R$ 10,5 milhões em doações da JBS – o valor representa quase metade do montante arrecadado na ocasião, R$ 25,3 milhões.
Antes de completar um ano de Governo, em dezembro de 2015, Reinaldo retribuiu “a gentileza” dos irmãos Batista. Ele concedeu isenções fiscais para quatro indústrias do grupo, que somaram R$ 893 milhões até 2028. Dos R$ 100 milhões por ano que deveria pagar em impostos, o JBS só pagaria R$ 17 milhões.
O benefício foi concedido no mesmo ano em que o governador tucano elevou em 40% o IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor) dos sul-mato-grossenses. Ou seja, ele deu dinheiro para a maior empresa brasileira, que fatura em torno de R$ 130 bilhões por ano, enquanto jogou a conta da crise econômica nas costas dos trabalhados e empresários do Estado.
Outro beneficiado pelo JBS em 2014 foi Nelsinho Trad, que era o candidato a governador pelo PMDB. Apesar da ajuda de R$ 3,5 milhões do conglomerado de carnes, ele ficou em terceiro na disputa. Nelsinho também foi generoso com o grupo, quando ainda se chamava Bertin, e instalou o maior frigorífico do Brasil em Campo Grande.
Ele até doou terreno e concedeu benefícios para o grupo instalar uma transportadora ao do frigorífico, mas o projeto não vingou em decorrência da crise econômica mundial de 2008.
Já Puccinelli, segundo a Polícia Federal, que concedeu benefícios fiscais ao grupo até 2028, cobrou propina de 20%. A propina ao peemedebista, que integra a suposta organização criminosa investigada na Operação Máquinas de Lama, foi pago por meio da locação de máquinas para obras de pavimentação.
O pagamento foi feito por meio da Proteco, empresa de João Amorin, que locava as máquinas por preço praticamente tabelado e por longo tempo. O grande número de máquinas locadas levantou a suspeita da PF, que conseguiu identificar o pagamento de R$ 5 milhões ao grupo do ex-governador.
A delação do JBS de esclarecer qual político manteve relação republicana com a companhia, qual cobrou propina e qual concedeu benefícios em troca de “ajuda”na campanha eleitoral.
Em meio a esse terremoto político, uma mudança deve se consolidar: o fim das doações empresariais para campanhas políticas.
Antes das bombásticas descobertas, Aécio a frente, Temer ao lado e o ministro Gilmar Mendes, o boquirroto presidente do TSE, articulavam mudança na lei para que empresas voltassem a contribuir com as campanhas.
Queira Deus, que pelo menos algo venha para o bem desta rica nação, mas pobre em valores morais.