O prefeito Marquinhos Trad (PSD) vai repetir o exemplo de Gilmar Olarte, que acabou afastado por determinação judicial em 2015, e vai centralizar o atendimento médico da pediatria. A medida prevê o remanejamento dos médicos da área para apenas quatro UPAs (Unidades de Pronto Atendimento).
Como não consegue resolver o déficit de pediatras na rede municipal, o secretário municipal de Saúde, Marcelo Vilela, vai centralizar o atendimento de pediatra nas UPAs de quatro bairros: Leblon (saída para Sidrolândia), Universitário (saída para São Paulo), Coronel Antonino (saída para Cuiabá) e Vila Almeida (saída para Aquidauana).
Os mais pobres vão ser obrigados a se deslocar por uma distância maior em busca do atendimento aos filhos, já que não haverá pediatras na emergência dos centros regionais de saúde e UPAs do Aero Rancho, Cophavila 2, Nova Bahia, Santa Mônica, Tiradentes e Moreninhas.
Amanhã, a Secretaria Municipal de Saúde fará reunião na UPA Coronel Antonino com todos os médicos da pediatria para definir a escala. Conforme ofício do coordenador de urgência da Sesau, Yama Albuquerque Higa, a presença é obrigatória.
O Sindicato dos Médicos de Campo Grande teme caos no atendimento com a mudança.
A Secretaria de Saúde confirma a mudança e alega que o objetivo é resolver o problema de escala e garantir o atendimento médico por 24 horas nas quatro unidades. O principal problema é nas escalas da manhã e da tarde. A maioria dos profissionais opta pelo plantão noturno.
Como exemplo, a assessoria cita esta quarta-feira, quando nove pediatras atenderam de manhã em duas unidades (Coronel Antonino e Vila Almeida). No período vespertino, 16 pediatras se revezam em três unidades. Já à noite, 35 médicos estão de plantão hoje.
Marquinhos alega que não tem dinheiro para pagar salário melhor e contratar mais profissionais. No entanto, ele conseguiu arrumar R$ 90,5 mil para ressarcir o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian por ter pago salários de janeiro a abril ao secretário municipal de Saúde, que “ganhou” o dinheiro sem trabalhar ao menos um minuto.
Só para se ter ideia, os R$ 90,5 mil gastos com Vilela para exercer um cargo fantasma seriam suficientes para pagar o salário de 35 médicos por um mês, considerando-se o piso da categoria de R$ 2,5 mil.
Olarte também alegava que não tinha dinheiro para pagar os médicos, mas firmou um polêmico contrato superfaturado para alugar o antigo Hospital Sírio Libanês, por R$ 290 mil por mês, para transformá-lo em centro pediátrico e centralizar o atendimento de emergência das crianças.
A saúde continua sendo mal gerida e invertendo as prioridades. Há dinheiro para ajudar os amigos, mas não para dar tratamento digno às crianças.
Dá até vontade de repetir o ancora Bóris Casoy e soltar: “isto é uma vergonha!”