Zeca do PT e Delcídio do Amaral, respectivamente governador e senador na época, bancaram o caixa dois milionário da campanha a prefeito do deputado federal Vander Loubet (PT) em 2004. O marqueteiro João Santana cobrou R$ 4 milhões pelo trabalho, mas só “uma partezinha” foi feita de forma oficial.
A informação consta da delação da empresária Mônica Moura, mulher do publicitário, que foi homologada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Apesar de prestar depoimento rico em detalhes, ela destaca que “não tem provas” da denúncia.
No termo de delação sobre outras campanhas, Mônica conta que Delcídio, que tinha sido eleito senador dois anos antes, e Zeca, reeleito no segundo turno, apostaram alto para fazer a sucessão de André Puccinelli (PMDB) na Prefeitura Municipal de Campo Grande.
“Teve um caixa dois bem grande”, ressalta a empresária, sem titubear. O PT teria feito um contato mínimo sobre o valor oficial da campanha, que teria custado R$ 4 milhões.
À Justiça Eleitoral, Vander informou que pagou R$ 250 mil à equipe de Santana. Se for considerar os outros gastos com publicidade, ele desembolsou R$ 380 mil, pouco menos de 10% do valor total. Ele tinha arrecadado R$ 2,080 milhões na ocasião.
Ou seja, só o marqueteiro famoso custou o dobro do total declarado à Justiça Eleitoral.
Segundo a delatora, Zeca do PT efetuou o repasse em dinheiro vivo. Os pagamentos eram feitos por uma mulher, que era assessora de comunicação do Governo em 2004. Mônica não se recordou do nome da responsável pelo pagamento em nome do governador.
Na época, a responsável pelos pagamentos na comunicação da administração estadual era a secretária da superintendência, Ivanete Leite Martins, que decidiu denunciar o ex-chefe em um DVD e deflagrou o famoso escândalo conhecido como “farra da publicdade”.
Já Delcídio repetiu a campanha de 2002, quando pagou R$ 4 milhões a Santana, sendo metade com depósito em conta bancária de offshore na Suiça. Ele mesmo pegava o dinheiro e entregava a Mônica Moura, que era responsável pelas contas da agência.
Segundo a delação, ele entregava o dinheiro na produtora, onde aparecia com frequência para participar da campanha de Vander, no hotel e na sua casa. “Ele nunca deixou ninguém pagar”, frisou a empresária.
Vander não é o primeiro a ser citado na delação do casal Santana. Ela acusou Delcídio de ter acertado a contratação do marido na sauna da residência, quando os dois estavam pelados, e feito o pagamento com depósito no exterior.
Destacou que o ex-senador ainda pagou R$ 400 mil por fora para a campanha de Zeca no segundo turno. O ex-governador e Delcídio negam qualquer irregularidade na prestação de contas e rebatem as denúncias da senhora Moura.
Vander Loubet repetiu a mesma explicação de outros petistas e políticos envolvidos nas denúncias de corrupção da Lava Jato. “Esclareço que essa informação não é verdade”, enfatiza.
“Todas as receitas recebidas e pagamentos feitos durante todas as minhas campanhas sempre foram dentro da legalidade, devidamente registradas por meio de prestação de contas entregues e aprovadas pela Justiça Eleitoral”, concluiu.
Só que parece que a Justiça Eleitoral não tirou a venda dos olhos para analisar as contas dos políticos desde que Pedro Álvares Cabral por aqui desembarcou, já que todas as denúncias estão tendo prosseguimento normal e não são rejeitadas.