É estarrecedora a denúncia de que a cesta básica doada pelo Governo estadual aos índios tem alimento com a validade de consumo vencida e, misericórdia, carne podre. O valor pago à empresa pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) é de R$ 8,2 milhões por ano.
A denúncia gravíssima foi publicada nesta segunda-feira pelo jornal Top Mídia News, que teria ido verificar in loco a barbaridade praticada com o dinheiro público em Mato Grosso do Sul. O caso merece apuração do Ministério Público e da polícia, porque se trata de atentado contra a dignidade humana.
Em depoimento ao repórter Airton Raes, os índios relataram que o cheiro de podridão da carne é tão forte, que nem os cachorros da aldeia querem comer.
Mensalmente, a Secretaria Estadual de Assistência Social e Trabalho repassa 1,4 mil cestas básicas para os índios das aldeias Taunay, Lagoinha, Bananal, Colônia Nova, Limão Verde e Córrego Seco.
As cestas são repassadas pelo Farturão Alimentos, nome fantasia da empresa Tavares & Soares Ltda. Apesar de receber uma fortuna do Estado, a empresa entregou no dia 3 deste mês carne que tinha vencido dois antes. E pior, o charque estava cheio de sebo e com odor de podridão, segundo relato do repórter.
O problema não está restrito a carne. O arroz foi entregue com caruncho e coró. O problema do feijão é outro, não amolece.
O pior é que o Governo tem conhecimento do problema, mas não toma nenhuma medida. Índi relataram que fizeram fotos e denunciaram que os produtos estavam vencidos, mas foram orientados a comer, como parte do esforço para evitar o desperdício.
Conforme o Portal da Transparência, a empresa entrega cestas básicas desde a gestão de André Puccinelli (PMDB), quando tinha contrato de R$ 6,2 milhões por ano.
Na gestão tucana, o contrato teve acréscimo e chegou a R$ 8,2 milhões no ano passado.
Até o momento, a secretária estadual de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho, Elisa Cléia Pinheiro Rodrigues Nobre, não se manifestou sobre o escândalo.
A assessoria do governador também não se pronunciou sobre o escândalo.
Espera-se providência dos órgãos envolvidos e dos fiscalizadores, como Tribunal de Contas, que apesar de estar dominado por tucanos, espera-se ação ativa, pelo menos, com base nos valores cristãos dos seus conselheiros.