Alvo da Operação Máquinas de Lama, denominação da 4ª fase da Lama Asfáltica, o Grupo Holsback manteve contratos e até ampliou em 531% o valor de um na gestão do tucano Reinaldo Azambuja. Uma das empresas do conglomerado iniciou a construção do polêmico prédio no Jardim dos Estados, que promete ser o mais alto da Capital.
Na quinta-feira, policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão em duas empresas do grupo: H2L Soluções de Documentos e HBR Medical. A suspeita é de que tenham integrado organização criminosa que deu prejuízo de R$ 150 milhões, conforme apuração só nesta fase da operação.
A juíza federal Monique Marchioli Leite determinou a vistoria em busca de documentos e computadores nas duas residências do empresário Rodolfo Pinheiro Holsback, que ficam nos bairros Royal Park, em Campo Grande, e Higienópolis, em São Paulo.
A H2L manteve os contratos milionários com o Governo estadual, apesar da substituição do peemedebista André Puccinelli (PMDB), que passou a usar tornozeleira eletrônica, por Azambuja. Neste ano, em quatro meses, o montante empenhado para a empresa já soma R$ 22,5 milhões, o mesmo valor pago em 2012 interiro, R$ 23,9 milhões.
No último ano da gestão peemedebista, a empresa chegou a receber R$ 30,1 milhões da administração estadual, o que representa acréscimo de 26% em dois anos. Já no atual Governo, o repasse se mantém acima dos R$ 24 milhões (2016). No primeiro ano, Reinaldo pagou R$ 29,1 milhões à H2L.
Já o contrato da Funsau (Fundação Estadual de Saúde), que administra o Hospital Regional, com a HBR Medical Equipamentos Hospitalares, começou em 2014, conforme o Portal da Transparência, quando foram pagos R$ 5,4 milhões. Neste período, o hospital estava sob o comando de Rodrigo de Paula Aquino, um dos alvos da operação na quinta-feira.
A empresa viu o faturamento dos contratos com o Governo crescer 531% na gestão do PSDB. No primeiro ano, 2015, o governador elevou o repasse para R$ 7,2 milhões. Já ano passado foram pagos R$ 24,7 milhões.
Conforme o Portal da Transparência, o valor empenhado para a HBR já soma R$ 34,2 milhões de janeiro a abril deste ano.
Preso na operação por portar munições de arma de fogo em sua residência, Rodolfo pagou fiança de R$ 4,6 mil e foi solto. O empresário é ousado nos projetos.
O projeto mais ousado envolve a HVM Incorporações, que também faz parte do Grupo Holsback. A empresa lançou o projeto Vertigo Premium Studios, que pretende ser o prédio mais alto de Campo Grande, com 35 andares.
Com apartamentos de 46 a 139 metros quadrados, o edifício está com 1% da obra na esquina da Rua 15 de Novembro com a Travessa Ana Vani. Os apartamentos possuem as opções duplex e penthouse, com piscina privativa.
Uma das atrações do prédio será o 20º andar, que terá ampla área de lazer, com piscina de borda infinita a 65 metros de altura, piscina aquecida, sauna e bar. Assim como o Aquário do Pantanal, surge para ser uma atração à parte na cidade.
O edifício causou polêmica no ano passado, porque comprou o potencial construtivo do Rádio Clube por R$ 1,5 milhão. O então vereador Edil Albuquerque (PTB) se mostrou preocupado com os efeitos na região.
O Grupo Holsback nega qualquer irregularidade. Em nota, o advogado Carlos Marques, atribuiu a suspeita de pagamento de propina a negociação ocorrida entre o empresário e um dos investigados na Operação Máquinas de Lama. Ele teriam negociado gado e o pagamento ocorreu em dinheiro vivo.
A Máquinas de Lama levou a prisão do ex-secretário adjunto de Fazenda, André Cance, e do dono da Gráfica Alvorada, Micherd Jafar Júnior. Presos por tempo indeterminado, eles estão, desde ontem, na cela improvisada para receber os notórios envolvidos na Lama Asfáltica no Centro de Triagem.
O terceiro integrante a ter a prisão preventiva decretada é Jodascil da Silva Lopes, que está foragido. O ex-coordenador de licitações e suspeito de ser laranja do ex-governador, Mauro Cavali, deveria ser conduzido coercitivamente para depor, mas não foi localizado e é considerado foragido.
Puccinelli teve mais um revés neste fim de semana. A juíza negou o pedido da defesa para revogar a exigência de pagamento de fiança de R$ 1 milhão. Se não recolher o dinheiro até segunda, o peemedebista pode ser abrigado na cela dos famosos, em caso de decretação da prisão preventiva.
O advogado Renê Siufi alegou que o ex-governador não tem dinheiro porque os seus bens estão bloqueados. A esperança da força-tarefa é que ele use o dinheiro que já informou ter em casa. Em 2010, o peemedebista informou ter mais de R$ 1,4 milhão em espécie em casa, provavelmente, “debaixo do colchão”.