Dois anos e meio após a posse, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) não consegue nem ao menos reiniciar a obra emblemática do Aquário do Pantanal, nos altos da Avenida Afonso Pena, em Campo Grande. Esta é a mais visível, mas não é a única a expor a falta de competência e planejamento da atual administração.
Quando assumiu em 1º de janeiro de 2015, o tucano se mostrou disposto a concluir a obra e até montou uma comissão para inglês ver, composta pelo MPE, deputados estaduais e Tribunal de Contas, para fazer varredura nos contratos do Aquário, que foi planejado para custar R$ 84 milhões e, ainda na administração de André Puccinelli (PMDB), já tinha custado R$ 234 milhões.
Os deputados, promotores e conselheiros do TCE já faziam parte da comissão montada pelo peemedebista para fiscalizar a obra emblemática. Pelo jeito só fizeram figuração nos dois governos, porque não apontaram nada de errado e as maracutuais montadas pelo empresário João Alberto Krampe Amorim dos Santos, ocorreram debaixo dos olhos do grupo, conforme revelaram as investigações da Polícia Federal na Operação Lama Asfáltica.
Os deputados aprovaram lei que previa a destinação de R$ 34 milhões para concluir o Aquário, valor mais que suficiente, segundo o ex-governador. Nenhum parlamentar se manifestou até o momento para perguntar ao atual chefe do Poder Executivo onde foram parar cada centavo do dinheiro.
O óbvio foi exposto depois de longa polêmica sobre término pela Egelte, a mesma empresa que cedeu a chantagem e subempreitou a obra para a Proteco, de João Amorim.
Após estudos, comissões e inúmeras reuniões – não é governo petista, mas tucano – a obra segue emperrada, sucateada e sem previsão de ser concluída. A notícia, mais que esperada, foi dada hoje, a de que a empresa Cataratas do Iguaçu, que venceu a licitação para administrar o Aquário quando estiver pronto, não vai investir na conclusão do elefante branco.
A resposta é óbvia, porque a empresa entrou no negócio para administrá-lo, não para investir na sua construção. Só aceitaria a proposta do governo se fosse tola – além de mudar os termos da licitação, ainda ficaria sujeita a operações policiais futuras.
Agora, faltando pouco mais de um ano e meio para concluir o mandato, o tucano reinicia a discussão de como concluir a obra do Aquário. Enquanto isso, mais dinheiro público é jogado fora com a manutenção de peixes e de materiais comprados para concluir o empreendimento.
Mas o Governo patina até em obras menos complexas, como é o caso da duplicação de nove quilômetros do prolongamento da Avenida Euller de Azevedo, na saída para Rochedo. A obra deveria ser concluída em julho deste ano, mas caminha a passos lentos.
Além de ter ficado mais cara, a requalificação e duplicação da via só vai ser concluída no prazo se houver colaboração de São Pedro. A torcida não é apenas de quem mora na região, mas do secretário estadual de Obras, Marcelo Miglioli.
Ele passou meses sem ação. Agora, faltando dois meses para o prazo final, resolveu apelas aos santos pela conclusão da obra. É mais um sinal de que faltou competência e planejamento à administração estadual, principalmente, a de repetir o amadorismo frequente dos gestores públicos e só depender de milagre para fazer um bom projeto.
Que Deus tenha misericórdia de nós e conceda o milagre almejado pelo secretário, para o nosso bem.