O secretário municipal de Saúde de Campo Grande, Marcelo Luiz Brandão Vilela, acumulou três salários no mês de março, que lhe renderam R$ 51.400,77. Além de receber 151,8% acima do teto, ele recebeu R$ 22,6 mil sem trabalhar no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul. O valor pago a ele como “fantasma” é nove vezes maior que o salário base do médico na rede municipal de saúde na Capital.
O Jacaré apurou que Marcelo Brandão tem três vínculos empregatícios. Para ocupar o cargo de secretário municipal de Saúde, a prefeitura lhe pagou R$ 24.401,37 no mês de março deste ano, sendo R$ 16,2 mil referente a remuneração retroativa e R$ 8,1 mil como indenizações temporárias.
Só neste item, ele já acumulou salário superior ao pago ao prefeito Marquinhos Trad (PSD), que recebe R$ 20,4 mil por mês – quantia usada como parâmetro para definir o teto do funcionalismo público municipal. Ao contrário dos demais funcionários, ele não teve nenhum centavo retido por ter ultrapassado o teto.
Apesar do cargo de secretário exigir dedicação integral em decorrência de a pasta ser a mais complexa e problemática, ele encontra tempo para manter o vínculo de professor com a UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Em março, ele teve remuneração de R$ 4.371,54.
Por meio da assessoria, ele explicou que recebe para atender duas vezes por semana no Hospital Universitário, onde também realiza cirurgias e é o responsável pela preceptoria de médicos residentes.
O terceiro salário é pago pelo Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian, onde o secretário admitiu que não trabalha desde que assumiu a Secretaria Municipal de Saúde em 1º de janeiro. Apesar de não cumprir nenhuma hora no estabelecimento hospitalar, ele recebeu R$ 22.627,86 – a soma de R$ 17.222,36 de remuneração e mais gratificação de R$ 5.405,50 – em março deste ano, conforme o Portal da Transparência do Governo Estadual.
O valor pago a Marcelo Brandão sem trabalhar representa 8,99 vezes o salário base, de R$ 2.516,72, pago atualmente aos médicos que trabalham nos postos de saúde de Campo Grande.
Marcelo Brandão vem travando queda de braço com os médicos, que reivindicam reajuste salarial de 79,4%, de R$ 2,5 mil para R$ 4,5 mil para jornada de 12 horas semanais. Os profissionais só querem receber 20% do salário pago ao secretário pelo HR para não trabalhar nenhuma hora por semana.
A proposta encaminhada pelo prefeito aos médicos é elevar o vencimento para R$ 6 mil, mas desde que a jornada de trabalho dobre, de 12 para 24 horas semanais. Ou seja, apesar da categoria estar sem reajuste há três anos, o prefeito propõe pagar aumento de 19,2%, já que na prática, se a jornada dobrar hoje, eles receberiam R$ 5,032, sem correção nenhuma nos salários.
Por meio da assessoria de imprensa, o secretário tentou justificar o pagamento de R$ 24 mil em março. Explicou que não recebeu o salário de R$ 11.619,70 pago a quem ocupa o cargo de secretário municipal. Em janeiro e fevereiro, ele recebeu “apenas R$ 5 mil”.
Sobre o fato de manter o vínculo como médico do HU, Brandão ressaltou que o cargo de secretário não exige dedicação exclusiva.
Já sobre o salário pago pelo HR, onde admitiu não desempenhar a função desde que foi cedido com ônus para a prefeitura, ele responsabilizo a burocracia pelo pagamento, porque a cedência foi publicada com atraso.
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Quem tem telhado de vidro não pode jogar pedra,safado