O chefe do Procon não é o único a ter salário superior ao pago ao secretariado. O prefeito Marquinhos Trad (PSD) criou um “staff de privilegiados”, que ganham mais do que R$ 11,6 mil, salário definido em lei para os secretários, mas ocupam cargos inferiores, como secretário adjunto, assessor especial e diretor.
Esse é o caso da secretária adjunta da Saúde de Campo Grande, a enfermeira Andressa de Lucca Bento, que teve salário de R$ 17.111,18 em março, conforme o Portal da Transparência. Ela tem fama de ser consultada para muita coisa dentro da pasta pelo titular, o secretário municipal de Saúde, Marcelo Vilela Brandão.
Aliás, ele foi o único secretário a receber R$ 24,4 mil em março, mais que o dobro do montante pago aos companheiros de hierarquia. Neste caso, é uma exceção, porque os salários pagos ao chefe da Sesau foram menores em fevereiro (R$ 5,8 mil) e janeiro (R$ 5,8 mil).
Mas a pasta tem outro integrante do staff de não ser secretário, mas ter salário muito melhor. É o superintendente de Relações Institucionais de Saúde, Antônio Lastória, que recebeu R$ 17.670,57 no mês passado.
Lastória é o técnico da área da saúde muito ligado ao PMDB e a família Trad, já que trabalhou na área nas gestões de André Puccinelli (na prefeitura e no Governo) e Nelsinho Trad (prefeitura).
O diretor da Central de Compras e Licitações, Ralphe da Cunha Nogueira, tem cargo de assessor especial e recebe R$ 15.148,35, valor 30% superior ao salário de R$ 11.619,70 pago a um secretário.
O adjunto de Raphe, Antônio João Nogueira de Oliveira, tem salário menor, R$ 12.118,68, mas também superior ao pago ao suposto primeiro escalão da prefeitura.
Esse mesmo valor é pago ao assessor executivo Mauro Sérgio Santos, lotado no gabinete do prefeito Marquinhos Trad. O chefe de Gabinete, Alex Gonçalves da Silva, recebe menos, R$ 11,5 mil.
Godofredo da Silveira Barbosa Neto ganha quase o equivalente a secretário sendo “apenas” supervisor executivo, com vencimento de R$ 11.090,34 em março. No entanto, ele entra para o grupo seleto ao acumular o vencimento como professor, de R$ 4,5 mil, elevando o seu vencimento em março a R$ 15,5 mil, conforme o Portal da Transparência.
Quase o mesmo salário é pago ao assessor especial na Secretaria Municipal de Governo, Robison Gatti Vargas, que recebeu R$ 15.148,35. O valor é 30% maior que o titular da pasta, Antônio Cézar Lacerda, recebe desde que foi empossado como secretário.
O fato de ser funcionário de carreira do município ajudou Salvador Barbosa Irala a ter salário superior ao do prefeito Marquinhos Trad. Ele recebeu R$ 22.103,89 em março como superintendente de fiscalização e estão ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana, enquanto o chefe do executivo recebeu R$ 20.412,42.
O subsecretário de Defesa do Consumidor, Valdir Custódio da Silva, faz parte do “staff de privilegiados”, apesar do cargo ser inferior e a estrutura do Procon ser uma das menores do Paço Municipal. No entanto, o advogado ganha R$ 17,3 mil por mês.
O Jacaré está divulgando os salários dos comissionados, porque o prefeito anunciou que está sem dinheiro para conceder reajuste aos funcionários. Em decorrência do déficit, que chegou a R$ 34 milhões me março, Marquinhos anunciou que irá cortar as gratificações de todos os funcionários em 30%.
Ao analisar a estrutura da folha de pagamento do município, observa-se que há margem para corte de quem ganha mais. Espera-se que a estratégia não seja de impor o sacrifício aos funcionários, enquanto mantém o privilégio dos amigos.