Com as contas no vermelho, o prefeito da Capital, Marquinhos Trad (PSD), vai anunciar esta semana o pacote de sacrifícios que deverá impor aos 22 mil servidores. No entanto, a crise não atinge todos os funcionários. Os subsecretários ganham praticamente o mesmo subsídio que os secretários. E o mais grave, um chefe de subsecretaria tem “super salário”, já que o valor é 50% maior que o vencimento do primeiro escalão.
O advogado Valdir Custódio da Silva, subsecretário de Defesa do Consumidor, recebe R$ 17.369,58 por mês, valor só inferior ao vencimento do prefeito, que é de R$ 20,4 mil. Privilegiado no Paço Municipal, onde coordena uma estrutura pequena do Procon municipal, ele também ganha mais que a vice-prefeita, Adriane Nogueira Lopes (PEN), de R$ 15,3 mil.
Custódio integrava o escritório de advocacia do ex-deputado federal Fábio Trad antes de ser nomeado para compor a equipe de Marquinhos. Outros três advogados do escritório seguiram o mesmo caminho e trocaram a advocacia pelo salário de servidor público comissionado.
O subsecretário tem subsídio 49,48% superior ao montante pago aos secretários, que recebem R$ 11.619,70, conforme o Portal da Transparência Municipal. O Jacaré checou que ele recebe o mesmo valor desde que foi nomeado na prefeitura.
Assumir subsecretaria na gestão de Marquinhos é praticamente o mesmo integrar o primeiro escalão. Na prática, a reforma administrativa fez água, porque o salário pago aos outros três subsecretários (R$ 11.579,72) é só R$ 39,98, isso mesmo, R$ 40, inferior ao vencimento de secretário.
O atual prefeito extinguiu as secretarias da Mulher e da Juventude para promover economia para os cofres públicos. No entanto, praticamente ainda elevou à condição de primeiro escalão a Subsecretaria de Direitos Humanos, que foi criada para acomodar o ex-vereador Ademar Vieira Junior, o Coringa (PSD), derrotado nas urnas no ano passado. Ou seja, ao invés de reduzir, criou mais uma pasta.
Investigado pelo MPE (Ministério Público Estadual) por suposta participação na Operação Coffee Break, como ficou conhecida a manobra para compra de vereadores e cassar o mandato de Alcides Bernal (PP), Coringa recebe R$ 11.579,72 por mês.
Na mesma condição está outra derrotada nas urnas, a ex-vereadora Carla Stephanini (PMDB). Ela é a subsecretária de Políticas Públicas para as Mulheres. Ex-presidente municipal do seu partido, do qual Marquinho era filiado até se filiar ao PSD, ela também é investigada em processo complementar da Coffee Break, mas ainda não foi denunciada à Justiça.
Outro subsecretario com salário de secretário é Maicon Cleython Rodrigues Nogueira, da Política para a Juventude. Ligado à juventude e candidato a deputado estadual pelo PMDB m 2014, quando obteve mil votos, ele é ligado ao ex-governador André Puccinelli (PMDB).
Enquanto paga salários de secretário aos sub, Marquinhos Trad vem se queixando do déficit nas contas do município e já admite que não deverá conceder reajuste salarial aos 22 mil funcionários municipais. Eles estão sem reajuste já quatro anos e ainda correm o risco de ter o pagamento de salários atrasados.
O problema do desequilíbrio nas contas municipais, que teria gerado déficit de R$ 34 milhões em março, é reflexo das medidas adotadas pelo atual prefeito. O “super salário” ao chefe do Procon municipal foi definido por Marquinhos, que inovou ao criar o órgão em Campo Grande.