EXCLUSIVO
O empresário M.A. de O.S., 29 anos, nega duas acusações feitas pela Polícia Federal na Operação Perfídia. A primeira e mais importante, ele não morreu em 2013. A segunda e tão importante quanto, não foi o responsável pela transação bilionária na Venezuela e pela compra da fazenda de 5 milhões de hectares no interior da Bahia.
Como o romance de Kafka,ele descobriu a nova realidade ao acordar na quarta-feira passada (26), quando policiais federais bateram à sua casa em São Paulo. Ao ser um dos alvos da operação contra a quadrilha liderada pela advogada Cláudia Chater, M.A. de O.S. se viu envolvido numa trama rocambolesca.
Primeiro, os policiais federais o davam como morto em 2013 em Campo Grande. “Sei que morto, eu não estou”, afirmou em entrevista exclusiva para O Jacaré na tarde desta segunda-feira.
Ele admite que o CPF foi cancelado, mas porque seus documentos foram roubados em 2012 em Poconé, no Mato Grosso. No site da Receita Federal, consta que o documento foi cancelado porque ele morreu em 2013.
Em 2014, conforme a investigação da Polícia Federal, novo CPF foi emitido em nome de M.A. de O.S.. O irônico da história é que a própria Receita, que o dava como morto, emitiu o documento.
E este documento foi usado para abrir a offshore Global Recreative Sistem, na Venezuela. De acordo com documentos apreendidos em poder de Cláudia Chater, M.A. de O.S. foi o entreposto responsável pela transação de US$ 4,833 bilhões (o equivalente a R$ 15,3 bilhões) em território venezuelano.
Além disso, ele é acusado de comprar a fazenda Grande Leste, em São Desidério, na Bahia, que tem 5 milhões de hectares e custou R$ 68,5 milhões.
M.A. de O.S. diz que teve os documentos roubados em 2012. No entanto, as transações, conforme investigação da PF, foram feitas com o novo CPF, adquirido por ele em 2014. Ele não quis se alongar muito sobre o caso, porque “está em segredo de justiça”.
Ele nega que seja o dono da Global. “Não tenho envolvimento nenhum com esse rolo”, garantiu o campo-grandense, que admitiu ser o dono de empresa em São Paulo.
Conforme sua mãe, M.V. de A., ele abriu a mesma empresa em Campo Grande. “É uma representação”, informou.
M.A. de O.S. quer provar que está vivo e já pediu à Polícia Federal para oficiar os veículos de comunicação, como Veja, O Estado de São Paulo e Correio do Estado, de que está vivo e não morreu.
Com a divulgação do seu nome com a quadrilha da família Chater, ele passou a ser alvo de ligações de amigos e familiares preocupados com a notícia da morte, mas também querendo saber da fortuna. Ele tem noção da quantidade de dinheiro e até exagera ao compará-lo, citando que é “maior que as arrecadações dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul juntas”.