A Odebrecht conseguiu benefício fiscal de R$ 53 milhões para as três usinas de açúcar e etanol em Mato Grosso do Sul em 2013. Um ano de depois, a empresa retribuiu o presente com a doação de R$ 100 mil, de forma oficial, para a campanha da deputada federal Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias (PSB), que era secretária estadual de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo.
A prorrogação dos incentivos ocorreu após o Supremo Tribunal Federal anular lei estadual que concedia incentivos fiscais. Se fosse cumprida, a decisão judicial causaria uma hecatombe na economia sul-mato-grossense, que depende das isenções fiscais para atrair indústrias.
Nesta toada, o governador André Puccinelli (PMDB) e Tereza Cristina articularam a aprovação de uma nova lei. E aproveitaram a brecha, com o apoio da Fiems (Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul), para aprovar a nova legislação e, na oportunidade, estenderam os benefícios de todas as indústrias até 2028, independente do vencimento.
De acordo com matéria publicada nesta terça-feira pelo Top Mídia News, o decreto de Puccinelli e Tereza Cristina livraram as três usinas da Odebrecht no Estado do pagamento de R$ 53 milhões em ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). A empreiteira, que está no olho do furacão da Lava Jato, é dona das usinas Santa Luzia, em Nova Alvorada do Sul, Eldorado, em Rio Brilhante, e Taquari, em Costa Rica.
Conforme as delações premiadas feitas pelos 78 executivos e ex-executivos da Odebrecht, todas as doações, oficiais, propina ou caixa dois, foram feitas com base nos interesses da companhia. Nada foi feito com boas intenções pela Odebrecht.
Na primeira campanha para deputada federal, Tereza Cristina recebeu doação de R$ 100 mil da empreiteira, conforme a prestação de contas feita à Justiça Eleitoral. O dinheiro foi repassado por meio da Braskem, indústria da área química da construtora.
Por enquanto, a parlamentar não é citada nas listas de políticos envolvidos no escândalo da Odebrecht. No total, a campanha de Tereza custou R$ 4,2 milhões, quase o mesmo valor gasto pelo ex-senador Delcídio do Amaral na campanha a governador em 2006.
A ex-secretária gastou mais do que a campanha ao Senado em 2014 de Simone Tebet (PMDB), que desembolsou R$ 3,2 milhões.
O ex-governador André Puccinelli já apareceu na lista por cobrar propina de 10% em 2010, quando disputou a reeleição e levou R$ 2,3 milhões. Desde que a empreiteira obteve os benefícios fiscais, o peemedebista não disputou nenhum cargo eletivo.