O Brasil deve ter a primeira greve geral desde 1996. A situação não deve ser diferente em Mato Grosso do Sul, que não registra paralisação geral há mais de 30 anos. Na sexta-feira, com o aval até de igrejas católicas e evangélica, a greve deve parar Campo Grande, com a adesão de professores, policiais civis e motoristas do transporte coletivo.
A expectativa dos organizadores é que 200 entidades participem da mobilização contra as reformas da Previdência e Trabalhista, propostas pelo presidente da República, Michel Temer (PMDB). Ele mantém a idade mínima de 65 anos para a previdência e só com valor integral após contribuição por 40 anos.
Na reforma trabalhista, além de enfraquecer as entidades sindicais, a proposta prevê redução de salários, um direito dos trabalhadores brasileiros, entre outras mudanças. A terceirização para todas as funções até já foi sancionada por Temer.
O maio impacto da paralisação será a adesão do transporte coletivo. Os motoristas de ônibus prometem parar os ônibus urbanos no dia 28. Eles só não informaram se o serviço será suspenso por determinado horário ou por 24 horas.
As escolas públicas estaduais e municipais não vão funcionar na sexta. O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) limitou-se, até o momento, a condenar o movimento. Na greve geral da educação em março, ele ameaçou cortar os pontos dos professores, mas acabou recuando, porque a categoria não reporia as aulas sem receber pelo serviço.
Estabelecimentos comerciais também devem funcionar com menos funcionários, porque o Sindicato dos Comerciários anunciou adesão. A iniciativa é inédita, porque a categoria dificilmente suspende os serviços em protesto.
Até a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) manifestou-se a favor da paralisação, para desalento dos defensores do atual presidente. As reformas contam com o apoio dos movimentos que foram favoráveis ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT).
Como não podem falar que estão contra os trabalhadores, o grupo trabalha na disseminação de falsas mensagens e notícias fakes de que a mobilização não é contra as reformas, mas pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Apesar de a greve estar sendo organizada por todas as centrais sindicais do País, inclusive pela Força Sindical, que integra a base de Temer no Congresso, o grupo dissemina a mentira de que apenas a CUT, tradicionalmente ligada ao PT, estaria organizando a greve.