O Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul ignorou os apelos de Alcides Bernal (PP) e só liberou R$ 34,2 milhões em depósitos judiciais a Marquinhos Trad (PSD). No entanto, apesar de contar com a ajuda do Judiciário, o atual prefeito não conseguiu impedir o agravamento da crise financeira da prefeitura.
A situação é tão dramática que Marquinhos já admite que pode repetir a gestão desastrada de Gilmar Olarte e atrasar salários dos 22 mil funcionários municipais. O terror começou a se propagar no feriadão de Tiradentes.
A crise na prefeitura, que acumula dívida de R$ 366 milhões a curto prazo, não foi por falta de ajuda. O TJ liberou R$ 34,292 milhões no dia 2 de fevereiro deste ano referente aos depósitos judiciais.
O dinheiro estava previsto desde meados do ano passado, mas o Tribunal de Justiça segurou o repasse para não liberá-lo a Bernal. O então prefeito implorou, levou toda a equipe, apresentou dados e documentos, mas nada sensibilizou o desembargador Paschoal Carmello Leandro. De novembro a dezembro, o então prefeito fazia peregrinação diária para garantir o dinheiro para pagar os salários dos servidores, mas a Justiça negou o pedido.
No ano passado, melhor sorte teve a cidade de Paranaíba, que teve três liberações desde que a operação foi permitida, de dezembro de 2015 a julho do ano passado, somando R$ 17,2 milhões. A pequena Anaurilândia conseguiu R$ 15,8 milhões ainda em janeiro do ano passado. Aliás, é curioso como o município, de pequeno porte, teve mais dinheiro do que Dourados (R$ 8,6 milhões) eTrês Lagoas (R$ 9,7 milhões).
O fato é que a liberação do dinheiro pelo TJ não ajudou nem o Governo do Estado, que recebeu R$ 1,4 bilhão em setembro de 2015, mas continua na pindaíba, sem obras de vulto, com o Aquário do Pantanal encalhado, com a saúde caótica, a segurança pior ainda e sem conceder reajuste aos funcionários desde a posse de Reinaldo Azambuja (PSDB).
Além de não propagar o recebimento do dinheiro, Marquinhos só reclama da falta de dinheiro. Agora, após o déficit de R$ 34 milhões em março, já fala em atrasar salários. Este problema ocorreu na gestão de Olarte, que foi o primeiro a não pagar os salários em dia em 18 anos na Capital.
A equipe econômica de Marquinhos começa a mostrar problemas na gestão das finanças municipais. As medidas para elevar a arrecadação com o IPTU só devem complicar ainda mais a vida de quem paga os impostos.
Exemplo disso é o convênio para protestar os nomes dos 550 mil devedores de R$ 2,6 bilhões. Na prática, o acordo só vai criar mais uma taxa para o contribuinte, que pode estar em dificuldade por causa do desemprego e da crise econômica, pagar, como a para tirar o nome do protesto e as taxas do cartório.
Outra invenção será ligar aos devedores e cobrar por telefone. Além de gastar com telefone e contratação de pessoal, a medida não deve ampliar a receita, porque a crise econômica ainda pesa no bolso do campo-grandense.
Não é ter birra e criticar todas as medidas do prefeito. Ele poderia implementar uma gestão profissional e técnica, com quadro enxuto. Infelizmente, o prefeito optou por acomodar os derrotados nas urnas na prefeitura, que vão de vereadores até prefeito do interior não reeleitos, donos de jornais, parentes de secretário.
A compra de uniformes poderia economizar R$ 7 milhões, mas Marquinhos optou em fazer compra emergencial, sem licitação e até 81% mais cara em relação a gestão de Bernal. O desperdício virou norma, que a atual gestão admitiu ter encontrado 83 mil uniformes estocados e mantê-los no almoxarifado. Marquinhos preferiu repetir os erros dos antecessores. O único problema é que não existe dinheiro de sobra para manter o desperdício.
Falta eficiência, agilidade e habilidade ao atual prefeito para gastar menos e com sabedoria.