Famoso por ser vaidoso e até popularmente chamado de “Antônio Fagundes do Pantanal”, o ex-senador Delcídio do Amaral ficou chateado por ter sido excluído do rateio da propina de R$ 4 milhões entre os senadores. Ele foi o relator do Projeto de Resolução do Senado 72, que ficou conhecido como a “Guerra dos Portos”, mas não recebeu “atenção” da Odebrecht. Depois da reclamação, ganhou “mimo” de R$ 500 mil.
De acordo com o delator Carlos José Fadigas de Souza Filho, que prestou depoimento em 15 de dezembro do ano passado, o ex-petista ficou magoado porque não foi incluído na propina, paga entre outros, aos senadores Romero Jucá (PMDB) e Francisco Dornelles (PP).
A empreiteira tinha interesse na aprovação do projeto e moveu praticamente todo mundo para garantir incentivos para a Braskem, o braço químico da Odebrecht. O presidente da companhia na ocasião, Marcelo Odebrecht, definiu o incentivo de R$ 4 milhões para dividir entre os parlamentares.
O projeto foi aprovado em abril, dois anos após dois anos de negociação. Vaidoso na imagem e habilidoso os trâmites em Brasília, Delcídio ficou chateado por não ter sido incluído no rateio e fez a reclamação chegar aos ouvidos dos diretores em 26 de julho de 2012, portanto, três meses após a aprovação da medida no Congresso Nacional.
Carlos, Márcio Faria, presidente da Odebrecht Industrial, e Cláudio Mello Filho discutiram e concordaram que o ex-senador tinha direito a um agrado. Eles lhe informaram que repassariam R$ 500 mil pela aprovação da “Guerra dos Portos”. O dinheiro foi pago ao condinome “Ferrari”, um dos dois usados para citar Delcídio no departamento de propinas da empresa, como era conhecido o setor de operações estruturadas.
Segundo Carlos José, o pagamento ocorreu por meio de doleiros e teria sido feito em dinheiro vivo.
Esta é a terceira acusação contra Delcídio nas delações dos 78 executivos e ex-executivos da Odebrecht, que já foram homologadas pelo Supremo Tribunal Federal. O ministro Edson Fachin já despachou algumas.
A denúncia de que ele recebeu R$ 9 milhões para as campanhas de 2006 (R$ 4 milhões), 2010 e 2014 (R$ 5 milhões) foram encaminhadas para o juiz Sérgio Moro, no Paraná.
A segunda é de R$ 591 mil para a inclusão da Odebrecht em um PAC da Petrobras, que será julgada pelo Supremo, porque ele será julgado ao lado do senador Humberto Costa (PT) pelo mesmo crime.
Esta da Braskem deverá ficar no STF porque é uma das várias que envolvem Jucá, o atual líder do presidente Michel Temer (PMDB) no Congresso Nacional.