A cada dia surge mais um político de Mato Grosso do Sul envolvido no mega escândalo de corrupção da Odebrecht. “Fazendeiro”, condinome de Aurélio Cance Junior, é o 9º envolvido por cobrar propina de R$ 4 milhões para beneficiar a empreiteira no contrato de R$ 150 milhões, mas acabou levando R$ 800 mil de propina.
Não é o primeiro escândalo na vida de Aurélio, que foi presidente da Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul) na gestão de Wilson Barbosa Martins (PMDB). Ele já foi condenado a 17 anos de prisão em 2015 no escândalo da Sanasa, companhia de água de Campinas, da qual era presidente.
Neste novo escândalo, o da Lava Jato, Aurélio foi citado pelos delatores Carlos Armando Guedes Paschoal e Emyr Diniz Costa Júnior. A ex-primeira-dama da cidade, Rosely Nassin dos Santos, também foi citada.
Segundo a delação premiada, ela e Aurélio cobraram R$ 4 milhões para direcionar a licitação para a construção da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Capivari 2, que estava orçada em R$ 150 milhões.
Eles incluíram exigências que só poderiam ser cumpridas Odebrecht e OAS. E ai, as duas combinaram fraudar a concorrência e a primeira venceu o certame com desconto de 1%, 2%. Como houve redução no valor da obra, o delator contou que o valor da propina foi reduzido, mas ele não soube precisar de quanto, mas ficou em torno de R$ 800 mil.
Aurélio foi para a famosa lista do setor de operações estruturadas da Odebrecht, famoso departamento de propinas, como “Fazendeiro”, porque tinha propriedades rurais em Mato Grosso do Sul. Ele recebeu propina em São Paulo e dinheiro vivo. Já a então primeira-dama em Campinas.
Com R$ 4 milhões, Aurélio entra para os primeiros lugares no ranking dos repasses por meio de propina ou caixa dois da Odebrecht no Estado.
O campeão absoluto da lista é o ex-senador Delcídio do Amaral, que tinha contato com o presidente da companhia, Marcelo Odebrecht, e foi citado por delatores por receber R$ 9,5 milhões. O valor não contabiliza o repasse feito em 2010, que não foi esclarecido ainda.
Após a propina cobrada pelo “Fazendeiro”, temos o “Pizza”, condinome do ex-governador André Puccinelli (PMDB), que teria cobrado R$ 2,3 milhões em 2010, um dízimo pelo pagamento de R$ 23,4 milhões pelo Estado à empreiteira. O ex-deputado Edson Giroto fez o acerto e João Amorim recebeu o dinheiro.
O sexto nome é o deputado federal e ex-governador Zeca do PT, que recebeu R$ 400 mil e repassou para a campanha de Delcídio.
O sétimo nome é o do fiscal de rendas José Miguel Milet de Freitas, o Palha, que teria cobrado R$ 82,5 mil para agilizar os trabalhos de uma comissão especial para definir o valor a ser pago à empreiteira.
O deputado Vander Loubet (PT) foi citado por receber R$ 50 mil para a campanha à reeleição em 2010.
O último foi o fiscal de rendas e funcionário do Tribunal de Contas do Estado, Fadel Tajher Iunes Júnior, que teria recebido vantagens indevidas, mas não teve o valor divulgado pelos delatores.
Todos os envolvidos negam as irregularidades. Zeca diz que nem era candidato. André chega a acusar o antecessor pela dívida.