É assustador o crescimento da violência em Mato Grosso do Sul nos últimos quatro anos. A cada nova história de terror imposto aos bandidos, a população fica mais apavorada. Estatísticas oficiais comprovam que o número de roubos dobrou nos últimos quatro anos.
Parece que o assunto também preocupa Reinaldo Azambuja (PSDB), que definiu a estrutura da Casa Militar, o órgão responsável pela segurança do governador e da vice-governadora do Estado. Decreto, publicado ontem no Diário Oficial, prevê quase um batalhão de policiais militares, que serão retirados das ruas, para garantir a segurança dos dois.
Pelo decreto, apenas cargos de chefias serão 13, considerando o número oficial. Considerando-se a soma feita pelo Governo, serão 69 policiais, dos quais 15 cabos e soldados vão trabalhar como motoristas. Só o efetivo oficial de motoristas supera o quadro total da PM designado para garantir a segurança de muitos municípios no Estado, inclusive aqueles localizados na fronteira, onde o crime organizado vem impondo terror com a guerra entre facções.
No entanto, se for considerado o número de vaga descrito no edital, o efetivo seria de 185 policiais. Neste caso, se o leitor conferir o número de motoristas no quadro publicado são 15 cabos e 15 soldados, mas na soma do Governo são apenas 15 e não 30.
A falta de efetivo é problema grave na Policia Militar. Há três anos, conforme levantamento realizado pela Associação dos Cabos e Soldados da PM e Bombeiros, Mato Grosso do Sul contava com 4, 4 mil policiais nas ruas. O ideal eram 10 mil militares. Ou seja, o déficit era de 6 mil em 2014.
Apesar dos esforços dos policiais, que se desdobram para combater o crime mesmo com viaturas sucateadas, a criminalidade avança a galope. De janeiro a março deste ano, ocorreram 2.879 roubos no Estado, conforme dados da Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública). Em relação ao primeiro trimestre de 2013, quando foram 1.643, o número mais que dobrou.
A média diária de assaltos a mão armada na Capital passou de 8 casos, em 2013, para 20 neste ano. No Estado, assaltantes fazem 32 vítimas. Em 2013, eram 18.
Os jornais aumentam a sensação de medo ao relatar a frieza e a brutalidade dos bandidos, que agridem, debocham e amarram as vítimas para roubar carros, celulares e até residências.
A situação é tão desesperadora que nem prender resolve mais. Atrás das grades e sob a vigilância do Estado por 24 horas, facções criminosas comandam “negócios” e encomendam os crimes.
Reinaldo Azambuja precisa ampliar o efetivo nas ruas, bloquear o uso de celulares nos presídios e dotar as forças de segurança de estrutura para combater o crime. E poderá também continuar reclamando da falta de investimento do Governo federal na fronteira.