O ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, chegou a elaborar projetos para a Odebrecht pagar propina ao então senador Delcídio do Amaral. No entanto, conforme a delação do ex-executivo da empreiteira, Rogério Santos de Araújo, pelo menos este esforço para garantir contribuição à campanha a senador do então petista em 2010 não deu certo.
No depoimento prestado aos procuradores regionais da República em São Paulo em 12 de dezembro de 2016, Rogério conta detalhes das negociações feitas por Cerveró para garantir recurso para a campanha à reeleição de Delcídio, que acabou sendo reconduzido para mais um mandato de oito anos.
Inicialmente, Cerverá ligou para Rogerio de Araújo e pediu doação para a campanha de Delcídio. Ele explicou para o então diretor da petrolífera que só poderia contribuir se houvesse projeto. Neste caso, a Odebrecht executaria a obra e repassaria a propina para o ex-senador, que era o responsável pela manutenção de Cerveró, junto com Renan Calheiros, na direção da Petrobras.
Então, Nestor Cerveró elaborou um dossiê para a Odebrecth, no qual apontava os caminhos para ganhar a licitação para construir gasodutos na Argentina. Ele usaria a sua influência na companhia para direcionar a licitação e dar a obra para a empreiteira.
No entanto, segundo Rogério, a obra não foi licitada pelo braço da Petrobras argentina e fugiu do controle de Cerveró. Ele chegou a agendar um almoço para cobrar o repasse, mas o delator teria dito que sem projeto não tinha como ajudar Delcídio. Ele concluiu que houve uma grande frustração no ambiente.
A suposta doação para a campanha de Delcídio em 2010 consta do despacho do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, em que determina o envio do processo para o juiz Sérgio Moro, em Curitiba (PR). No entanto, não há menção de valores, porque o pedido falhou.
No mesmo processo consta a doação de R$ 5 milhões para a campanha de Delcídio em 2014, que teria sido feito por meio de caixa 2, conforme delação Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o JB.
No entanto, o coronel Ângelo Rabelo, que teria recebido o dinheiro, nega que houve repasse ilegal. Ele garante que o montante foi menor, R$ 3 milhões, e foi todo declarado à Justiça Eleitoral.
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