A CCR decidiu agir com oportunismo na crise econômica instaurada no País para abandonar, literalmente, Mato Grosso do Sul a própria sorte. Por outro lado, o grupo paulista sonha alto e analisa ampliar os negócios. Um dos alvos da empresa é o grupo Invepar, que possui várias concessões e faturou R$ 3,4 bilhões no ano passado.
Para o projeto do grupo dar certo, só falta o aval do Governo federal. E, para azar dos sul-mato-grossenses, o presidente Michel Temer (PMDB) já sinalizou com a possibilidade de rever os contratos de concessão para ampliar os prazos previstos, como a duplicação em cinco anos, e afrouxar as contrapartidas.
E nesta tendência que a CCR MS Via aposta para abandonar a BR-163. Na semana passada, a empresa anunciou a paralisação das obras de duplicação da rodovia até a análise do pedido de revisão do contrato pela ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre).
A concessionária deseja continuar lucrando com a cobrança de pedágio, que rendeu R$ 291,8 milhões em 2016. Pela proposta, só haverá duplicação total da rodovia se o Governo liberar o financiamento em condições vantagens.
Ou seja, aqui não valerá a lógica de repassar à iniciativa privada para poupar o desembolso de dinheiro do poder público. Neste caso, a privatização da BR-163 saiu pela culatra, porque o Governo vai investir na duplicação, a concessionária fica com o lucro e a “viúva” com a conta.
A CCR faz chantagem, mas não é por falta de dinheiro. A concessionária paulista está de olho na Invepar, concessionária que detém o controle de rodovias em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. O interesse no negócio foi revelado pelo jornalista Anselmo Goes, do jornal O Globo.
Após ser notificada pela Comissão de Valores Imobiliários, a companhia confirmou que analisa diferentes oportunidades e não desmentiu que poderá comprar o controle acionário da Invepar.
Ou seja, a CCR não vai querer desembolsar um tostão para duplicar a BR-163, mas deseja ficar com o faturamento se o Governo deixar.
E o sonho de duplicar a via e acabar com o título de “rodovia da morte” vai voltar a depender do Governo federal.