De Mato Grosso do Sul, o mais delatado entre os 78 executivos e ex-dirigentes da Odebrecht é o ex-senador Delcídio do Amaral, que chegou a ser preso em flagrante no exercício do cargo. Citado em três delações, ele é acusado de receber, no mínimo, R$ 9,4 milhões, mas omitiu a maior parte dos valores do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Ao acatar o pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, determinou que um dos casos do ex-petista seja julgado pela Justiça Federal do Paraná. Ou seja, o político vai cair nas garras do temível Sérgio Moro, o juiz responsável pela Lava Jato em Curitiba (PR). Delcídio vai ter que redobrar as citações do salmo 90, que costumava publicar no Facebook diariamente.
Na primeira delação, em que pede a investigação do ex-governador e deputado federal Zeca do PT, Fachin cita que R$ 400 mil foram repassados para a campanha de Delcídio ao governo do Estado em 2006. Não há menção de nenhum centavo doado pela construtora na prestação de contas daquele ano.
A outra delação, feita pelos delatores Benedicto Barbosa da Silva Júnior e Rogério Santos de Araújo, aponta que o ex-senador recebeu R$ 9 milhões em 2006 e 2014. O valor não considera o montante repassado a pedido do ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, que não foi revelado e teria sido feito em 2010.
Conforme os relatos, Delcídio era conhecido como “Ferrari” no departamento de propinas da Odebrecht. Para a primeira campanha ao governo em 2006, ele pediu e levou R$ 4 milhões. No entanto, naquele ano ele informou à Justiça Eleitoral que gastou R$ 4,2 milhões. Conforme a prestação de contas, não houve doação da empreiteira.
Já em 2014, segundo Benedicto e Rogério, Delcídio recebeu R$ 5 milhões. No entanto, na prestação de contas, ele informou que a Odebrecht só repassou R$ 2,999 milhões.
Em 2010, quando foi reeleito senador, Delcídio alegou ter arrecadado R$ 5,9 milhões.
Na terceira delação, que inclui a do ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, Delcídio é citado ao lado do ex-senador Humberto Costa (PT), de Pernambuco. Eles teriam cobrado 3% do valor do contrato ganho pela Odebrecht para o PAC SMS (Plano de Ação de Certificação em Segurança, Meio Ambiente e Saúde).
Só há o valor repassado a Humberto, que tinha o apelido de “Drácula” (R$ 591 mil). Ferrari também teria levado dinheiro, mas o valor não foi informado.
Neste caso, Delcídio vai responder no STF, porque o petista tem foro privilegiado.