O oficial de Justiça Mauro Lino Alves Pereira, que era o espião do ex-prefeito Gilmar Olarte, recebeu R$ 21,2 mil de salário no mês de dezembro do ano passado. Ele foi afastado na terça-feira (4) da função no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul por determinação do juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos.
Mauro frequenta a Assembleia de Deu Nova Aliança, fundada e comandada p
elo então prefeito. Ele é analista judiciário e usava o cargo de oficial de Justiça para monitorar as denúncias contra Olarte.
Segundo a denúncia do MPE (Ministério Público Estadual), ele repassava dados de processos sigilosos para facilitar a defesa de Olarte. Ao tomar conhecimento das denúncias com antecedência, o ex-prefeito poderia destruir provas, mudar depoimentos de testemunhas e dificultar a acusação.
Conforme despacho de Oliveira Filho, os encontros para repassar as informações ocorreram em estacionamentos de supermercados (iguais àquelas famosas cenas de filmes policiais) e padarias. Teve ocasião que os dois mandaram as favas os escrúpulos e fizeram a reunião no gabinete do prefeito mesmo, no segundo andar do Paço Municipal.
A ajuda do fiel só foi descoberta graças a apreensão dos celulares pelo Gaeco, por determinação do desembargador Luiz Bonassini, do Tribunal de Justiça.
O analista judiciário não ajudou o então prefeito por falta de dinheiro, porque, conforme o portal de transparência do TJ, era bem remunerado. Afinal de contas, são poucos sul-mato-grossenses que possuem renda na casa dos R$ 20 mil por mês.
Na defesa, Mauro alegou que se tornou amigo de Olarte porque ambos frequentavam a mesma igreja. Ele negou ter repassado informações, apesar das evidências apontadas pelo MPE.
Olarte ainda detalhou mais a relação de amizade entre ambos. Destacou que era pastor e até batizou o filho de Mauro Lino. Primeiro e único prefeito preso na história de Campo Grande, ele ressaltou que não houve dolo nos encontros.
O juiz ficou convencido pela denúncia feita pelo MPE e determinou o afastamento de Mauro Lino do cargo de analista judiciário. Olarte ainda responde a vários processos por enriquecimento ilícito, improbidade administrativa e corrupção na Justiça.