Eliminado com 55,92% dos votos no 10º paredão do Big Brother Brasil, o advogado Ilmar Renato, o Mamão, furou o “controle” da TV Globo, que evita temas políticos no programa, e fez sucesso nas redes sociais com o recado de militante. Após cumprimentar os familiares e amigos, o sul-mato-grossense lacrou com a frase: “tive mais voto que o Aécio”.
A referência ao senador Aécio Neves (PSDB), que obteve 51 milhões nas eleições de 2014 e não se conformou com o resultado, levou os internautas a loucura.
“Devo ter tido até o voto da Dilma”, afirmou o petista, sobre a expressiva votação do paredão desta terça-feira, com 113 milhões de votos. Ele teve 65 milhões de votos para deixar a casa.
Defensor dos direitos humanos, da causa indígena e filiado ao PT, o advogado de 38 anos causou polêmica desde o momento em que aceitou participar do BBB 17. Ele sempre criticou a TV Globo.
Mamão acabou fazendo outro milagre, levar os militantes de esquerda para frente da TV pra acompanhar o programa que sempre condenaram e criticavam com prazer. Alguns até reagiram à participação e classificaram o advogado como hipócrita por ter aceito o convite da Globo.
Polêmicas a parte, o que todo mundo queria saber: como Ilmar ia passar a mensagem política no programa? Durante uma atividade, ele gritou várias vezes o “Fora Temer”, ecoando o grito entoado nas ruas contra o atual presidente da República. O protesto só parou após a direção intervir e proibir a manifestação.
Durante a conversa com os companheiros, ele contou sobre o drama dos índios em Mato Grosso do Sul, que vivem confinados e até são mortos na luta contra os poderosos fazendeiros.
Inteligente, Mamão surpreendeu todo mundo e o apresentador Thiago Leifert com a resposta sobre o resultado do paredão: “acho que tive mais voto que o Aécio”. Como diz o ditado juvenil dos tempos atuais: “lacrou”, “mitou”.
Não é a primeira vez que Mamão ganha os holofotes. A primeira foi durante o show no Parque das Nações Indígenas, quando discutiu com o então governador André Puccinelli (PMDB). Ele não se intimidou e deixou o peemedebista furioso.
Com a notoriedade do programa global, ele surge como nova força para renovar o PT. Atolado em denúncias de corrupção em nível nacional, o partido perde as referências no Estado. O ex-senador Delcídio do Amaral saiu do partido pela porta dos fundos após ser preso e denunciado por corrupção.
A estrela que sobrou é o ex-governador e deputado federal Zeca do PT, que passou a ser ficha suja após condenação pelo Tribunal de Justiça e corre risco de não conseguir disputar nenhum cargo em 2018.
No atual contexto e após o desempenho, Mamão pode repetir Jean Willys, que deixou o programa e foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro.
Ele pode ser o primeiro sul-mato-grossense a transformar o sucesso do programa em votos. Mas não será o pioneiro a tentar a carreira política depois do Big Brother Brasil.
Fael, o peão de Aral Moreira, fracassou nas urnas. Após deixar o programa há cinco anos, ele até chegou a ser recepcionado no aeroporto pelo governador André Puccinelli (PMDB), pelo prefeito da Capital, Nelsinho Trad (PTB), deputados e vereadores. No entanto, o prestígio político não se converteu em votos.
A segunda a tentar a carreira política foi Priscila Pires, que obteve apenas 691 votos como candidata a vereadora pelo PMDB no ano passado em Campo Grande.
Ilmar tem uma diferença em relação a Fael e Priscila: já era militante do PT antes de ir ao BBB. Ele não se tornou político para se aproveitar da celebridade.