Campo Grande ampliou o superávit, reduziu o gasto em 21,4% e conseguiu fechar o primeiro bimestre com R$ 624 milhões em caixa, apesar da queda expressiva no repasse do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). O primeiro balanço da administração de Marquinhos Trad (PSD) foi publicado ontem à tarde, em mais uma edição extra do Diário Oficial.
Os números são bons e expressam a competência da equipe econômica do município. No entanto, como o prefeito começa a negociar o reajuste salarial dos 22 mil funcionários públicos municipais, que estão sem reajuste há três anos, a melhor estratégia é não fazer propaganda dos primeiros resultados. É melhor publicar no diário perdido no meio de uma tarde de outono.
Apesar de ter pago os salários de dezembro e o 13º do funcionalismo, Trad conseguiu a façanha de gastar 22% menos com pessoal nos meses de janeiro e fevereiro deste ano em relação ao mesmo período de 2016, de R$ 253,2 milhões para R$ 196,7 milhões.
No geral, como praticamente não houve investimento (só R$ 3,3 milhões), o prefeito reduziu as despesas de R$ 344 milhões para R$ 270,1 milhões. Um dos reflexos deste medida é o aumento da dívida do município, que saltou para R$ 164,6 milhões neste ano.
A receita teve pequena queda no inicio do ano, de R$ 638,6 milhões para R$ 632,7 milhões. No mesmo período, houve crescimento de 12,7% na arrecadação do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), de R$ 178,4 milhões para R$ 201,1 milhões. O ISS oscilou pouco, de R$ 42,6 milhões para R$ 44,7 milhões.
A principal causa na queda da receita está na queda do repasse do ICMS. Como o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) priorizou as cidades governadas pelos tucanos, a Capital acabou sendo punida porque não elegeu a vice-governadora Rose Modesto.
Com o “critério tucano”, houve revisão nos índices após as eleições e algumas cidades foram contempladas com aumento, como foi o caso de Corumbá, que elegeu o neotucano Ruiter Cunha. Já a Capital teve queda no repasse, de R$ 51,1 milhões para R$ 41 milhões, 19,7% no primeiro bimestre em relação ao mesmo período do ano passado.
O superávit nas contas se manteve e cresceu 21,7%, de R$ 297,6 milhões no primeiro bimestre de 2016, ainda sob o comando de Alcides Bernal (PP), para R$ 362,2 milhões.
A eficiência na gestão elevou o montante de dinheiro em caixa, conforme o balancete publicado ontem. Marquinhos Trad conta com R$ 624,1 milhões em caixa, crescimento de 62% em relação ao total disponível em dezembro do ano passado, que era de R$ 384,7 milhões.
Com esse número, o prefeito deverá enfrentar pressão maior dos médicos, que alegam estar com o salário defasado há três anos. Os 5 mil professores das escolas municipais estão sem aumento desde 2015, quando realizaram a greve mais longa na história da categoria, e lutam para ter direito ao piso nacional para 20 horas, conforme a lei aprovada por Nelsinho Trad, irmão do atual prefeito.
Apesar dos cofres do município estar cheio, a população sente na pele o reflexo das decisões do atual prefeito, que restringiu os gastos no primeiro bimestre, apesar dos estoques de remédios estarem zerados nos postos.