A cada ano piora o “caos na saúde” de Campo Grande. Apesar de movimentar bilhões e garantir faturamentos milionários, nunca há melhora no atendimento à população. Como falta auditoria séria para apurar os gastos no setor e gestão para dar eficiência na aplicação da verba do SUS (Sistema Único de Saúde), não há solução à vista e os hospitais aproveitam o “caos eterno” para fazer chantagem com o poder público e barganhar aumento de recursos.
Depois do Hospital Universitário, a Santa Casa de Campo Grande pressiona a prefeitura para elevar o repasse de R$ 4,6 milhões para R$ 7 milhões. Segundo reportagem do Correio do Estado, uma das proposta é fechar o pronto socorro.
O presidente do hospital Esacheu Nascimento, sabe o poder que tem nas mãos. O pronto socorro da Santa Casa é referência no atendimento de vítimas de acidentes, de queimados e de uma série de casos de alta complexidade. No momento, a cidade não tem outra alternativa.
Esta chantagem de parar com o atendimento de emergência é antiga e eficiente. Nos anos 90 do século passado, o hospital usava a unidade para pressionar até o então extinto Previsul para receber os atrasados. Bastava uma faixa anunciando o fechamento do PS para o Governo quitar os atrasados.
A única vez em que a direção da Santa Casa quebrou a cara foi em 2005, quando o então presidente, Arthur D’Ávila fechou o pronto socorro porque tinha déficit e deixou o sistema público a beira do colapso. Nelsinho Trad, na época no PMDB, interveio no hospital e afastou toda a direção.
O poder público perdeu a única oportunidade de resolver o problema. Apesar dos promotores de Justiça do Estado, federais e do Trabalho acompanharem todo o processo, os vícios nunca foram combatidos, a terceirização continuou e o hospital se transformou em mais um órgão municipal onde o prefeito tinha vagas disponíveis para colocar os seus comissionados.
Agora, a história se repete e a Santa Casa retoma a chantagem. Como cedeu às ameaças do Hospital Universitário, que conseguiu obter novo contrato com valores reajustados, o prefeito Marquinhos Trad (PSD) vai acabar cedendo.
E já podemos apostar que o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian pode ser o próximo a pressionar a prefeitura a ampliar os repasses.
Enquanto isso, pessoas sofrem com a falta de leitos em hospitais, com a ausência de médicos e remédios nos postos, … enfim, encontram a morte na porta do sistema público de saúde.