O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) ignorou a suspeita de superfaturamento e a ação por improbidade administrativa para manter o contrato com a DigithoBrasil. Nos últimos dois anos, a gestão tucana já pagou R$ 124,7 milhões à empresa, que mudou de nome em março deste ano para Digix.
Em 2013, o MPE (Ministério Público Estadual) denunciou os ex-diretores da Agehab (Agência Estadual de Habitação Popular), os deputados Carlos Marun (PMDB) e Amarildo Cruz (PT), dois sócios da DigithoBrasil, cinco ex-sócios e outros funcionários públicos por improbidade administrativa. O suposto rombo na agência seria de R$ 16,4 milhões.
A denúncia foi feita antes de Reinaldo fazer campanha para governador. Na época, ele ainda sonhava em ser o senador de Delcídio do Amaral. A Justiça aceitou a denúncia no início deste ano.
Eleito governador com a promessa de acabar com os esquemas do antecessor, Reinaldo não só manteve os contratos, como ampliou. Ele contratou a empresa para prestar serviço para a Secretaria Estadual de Educação.
A DigithoBrasil é um caso espetacular de sucesso empresarial. Antes de abocanhar os contratos milionários, a empresa começou pequena, com capital social de apenas R$ 2 mil em 2003.
O sucesso começou a fazer parte da história da empresa quando firmou o primeiro contrato com a Agehab, ainda na gestão de Zeca do PT. Bastou colocar o serviço público na casting, que o patrimônio social explodiu de R$ 2 mil para R$ 1,6 milhão, segundo investigação do MPE.
Ideologia não foi problema para a Digix, nova denominação da Digitho. Ela manteve os contratos na gestão dos dois maiores inimigos do PT, André Puccinelli (PMDB) no Governo e Marun na Agehab.
Conforme a investigação, para contemplar a empresa, o atual deputado federal autorizou reajustes abusivos no contrato, que passou de R$ 1,2 milhão em 2004 para R$ 3,9 milhões em 2012.
Se o PMDB é o centro no aspecto político, continuar na gestão do PSDB fazia parte da escalada.
Conforme o Portal da Transparência, a empresa recebeu R$ 124,7 milhões nos últimos dois anos (2015 e 2016), já sob o Governo sob o comando de Reinaldo Azambuja. O maior faturamento foi com a Secretaria de Fazenda, que repassou R$ 44,1 milhões em 2015 e R$ 49,2 milhões no ano passado.
Já a Secretaria de Educação pagou R$ 10,5 milhões e 14,1 milhões, respectivamente. Até o contrato com a Agehab, questionada na Justiça, foi mantido, com o repasse de R$ 6,6 milhões nos últimos dois anos.
A DigithoBrasil ainda não foi condenada, mas a simples suspeita deveria ser considerada e o contrato só mantido com o aval do Ministério Público e com revisão nos valores pagos.