A polêmica compra de uniformes sem licitação continua causando polêmica. Alcides Bernal (PP) contestou os dados da atual administração e pediu que a Câmara Municipal, o Tribunal de Contas do Estado e o MPE (Ministério Público Estadual) investiguem a conduta do prefeito Marquinhos Trad (PSD). Ele acusa o sucessor de ter pago 71% a mais pelo valor do vestuário a ser distribuído gratuitamente aos 97 mil alunos da rede municipal.
Na semana passada, O Jacaré divulgou que Trad dispensou licitação para aderir à ata da Prefeitura da Estância Turística de Embu das Artes (SP) e pagou R$ 7,786 milhões pelos uniformes. O valor é 107% acima do pago pela administração anterior, de R$ 3,8 milhões, conforme o montante divulgado pela imprensa na época.
No entanto, a pedido do prefeito, assessores buscaram outros números para apresentar à imprensa. Eles informaram que foram duas compras feitas por Bernal, que totalizaria R$ 8,3 milhões. Só a compra de jaquetas e moletons teria custado R$ 4,4 milhões.
No Diário Oficial só consta uma licitação para a aquisição de uniformes, que totaliza R$ 3,8 milhões.
O ex-prefeito admitiu que as compras foram em dois lotes. Ele informou que gastou R$ 4.605.000,00 com a aquisição de uniformes no ano passado. Isso significa que Marquinhos pagou R$ 3,271 milhões a mais por menos peças. Houve redução de 7 mil alunos nas unidades municipais, de 104 mil para 97 mil.
Diplomático, apesar de já ter sido atacado por Marquinhos, Bernal preferiu não entrar na polêmica se houve superfaturamento na compra do sucessor, já que a inflação ficou em torno de 4,6% nos últimos 12 meses e ainda houve queda no número de estudantes contemplados.
No entanto, ele defendeu que a Câmara Municipal, o TCE e o MPE investiguem o atual gestor. “É poder-dever deles”, enfatizou o ex-prefeito, que foi alvo de marcação cerrada dos vereadores, dos conselheiros do Tribunal de Contas e dos promotores de Defesa do Patrimônio Público.
O Jacaré até tentou por fim à polêmica. No entanto, como falta transparência nos pagamentos e contratos feitos pela prefeitura, só um mágico teria condições de desvendar os mistérios do Paço Municipal.
Ao contrário do Governo estadual, que melhorou o portal da transparência na gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB), o sistema do município é precário e misterioso.
Os vereadores continuam em silêncio a respeito do assunto, apesar do valor envolvido. Espera-se que, com o passar dos dias, retomem o mesmo fôlego de investigar o executivo que tinham na época de Bernal, para o bem da cidade, dos contribuintes e dos cofres públicos.