Duas ações aceitas pela Justiça neste mês começam a desmistificar a imagem do ex-governador André Puccinelli (PMDB), que surge como o único em condições de impedir a reeleição do atual governador, Reinaldo Azambuja (PSDB). No entanto, o peemedebista não vem conseguindo convencer os juízes com suas histórias. Ao bloquear os bens, a Justiça sinaliza que poderá tirá-lo do caminho do tucano nas eleições de 2018.
A primeira decisão, do desembargador Marcelo Saraiva, do Tribunal Regional da 3ª Região, saiu no início do mês. Ele tornou R$ 2,5 milhões indisponíveis em bens. A decisão põe um freio no estilo de Puccinelli, famoso por “tratorar” os adversários e impor sua vontade aos aliados.
Nesta ação, o MPF (Ministério Público Federal) denunciou o ex-governador por coagir os servidores comissionados. Em um vídeo, divulgado pelo jornal Midiamax em 2012, ele chama os comissionados e determina em quais vereadores dada um deveria votar. Na época, ele era um dos principais articulares da campanha a prefeito de Edson Giroto.
Na defesa, Puccinelli negou qualquer coação. Refutou que tenha o caráter que consolidou a carreira vitoriosa de deputado estadual, deputado federal, prefeito da Capital e governador do Estado por dois mandatos. Desde que entrou na política, o peemedebista não perdeu nenhuma disputa.
A outra ação civil pública a arranhar outra característica de Puccinelli foi aceita pelo juiz da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, Alexandre Tsouyoshi Ito. Ele vai responder pelo prejuízo de R$ 109,6 mil aos cofres públicos.
Conforme a denúncia do MPE (Ministério Público Estadual), o governo federal destinou 300 ônibus para os municípios sul-mato-grossenses por meio do programa Caminho da Escola, um dos carros-chefes do primeiro mandato de Dilma Rousseff (PT).
Puccinelli se apoderou dos veículos e mandou trocar o adesivo para fazer propaganda do Governo estadual. Famoso por acompanhar as ações de seu mandato nos mínimos detalhes, o peemedebista alegou, na defesa, que não acompanhou de perto a questão dos ônibus porque era uma tarefa muito pequena para o governador do Estado. E responsabilizou a subsecretária de Comunicação, Guiomar Emília Archondo de Aliaga, pela troca dos adesivos.
Já a subsecretaria e a ex-secretária de Educação, Maria Nilene Badeca da Costa, contaram a mesma versão: os ônibus foram entregues pela União como contrapartida por gastos feitos pelo Governo estadual na manutenção da ponte sobre o Rio Paraguai.
A história do ex-governador, de que não foi detalhista como tem fama, não convenceu o juiz, que o manteve como réu no processo junto com Guiomar e Nilene.
Além das decisões judiciais, Puccinelli enfrenta outra ação importante, a Coffee Break – de que teria participado da articulação para apear Alcides Bernal da prefeitura em 2014.
As várias frentes de investigações originadas da Operação Lama Asfáltica também rondam o peemedebista, que já foi “convidado” a prestar depoimento na Polícia Federal. Aliados têm esperança que a amizade e as visitas constantes a Michel Temer (PMDB) o livrem das garras da Polícia Federal, apesar do presidente já ter jogado os amigos do peito, como Eduardo Cunha, e Gedel Vieira Lima aos corvos.
Puccinelli vem ganhando força em decorrência do estilo tucano de gerir o Estado, com aumento de impostos, sem obras, sem reajuste para o funcionalismo e sem solucionar o déficit nas contas públicas.
No entanto, depois de tirar o ex-governador e deputado federal Zeca do PT da disputa de 2018 ao torná-lo ficha suja com condenação em segunda instância, a Justiça sinaliza que poderá dar mais uma mãozinha a Reinaldo e tirar Puccinelli do próximo pleito.
Sem Zeca e André, PT e PMDB não possuem outros nomes com a mesma densidade eleitoral.