A Justiça acatou o segundo pedido do MPE (Ministério Público Estadual) e determinou a indisponibilidade dos bens do ex-secretário estadual de Obras, Edson Giroto, e do empresário João Alberto Krampe Amorim. Então poderosos gestores durante os anos de ouro do PMDB, tanto na prefeitura quanto no Governo, ambos começam a ficar vulneráveis diante do Poder Judiciário.
A tendência é de o inferno astral da dupla não vai terminar com o aniversário. Só na Justiça estadual, existem já sob análise do juiz mais duas ações pedindo bloqueios de bens. Uma de R$ 140 milhões envolvendo a obra faraônica do Aquário do Pantanal. A segunda é de desvios na MS-171.
O primeiro bloqueio de R$ 5,7 milhões foi determinado no início da semana pelo juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos. O magistrado entendeu que ocorreram os crimes de superfaturamento, direcionamento de licitação, corrupção, medições falsas e sublocação de obra, entre outros.
O segundo ocorreu ontem. O mesmo juiz determinou a indisponibilidade de R$ 9,840 milhões de Giroto, Amorim e mais 12. A Proteco venceu a licitação para realizar obras de revestimento primário de três rodovias (as MS-270, 444 e 473), localizadas em municípios distintos e que ficam até 600 quilômetros um do outro.
O bloqueio dos bens reduz o poder financeiro da suposta organização criminosa, que começa a ficar sem dinheiro para banca os melhores advogados do país e custear os recursos intermináveis para retardar os julgamentos.
De poderoso braço direito do ex-governador André Puccinelli (PMDB), Giroto perdeu espaço na política de forma fragorosa. O tombo foi grande. Ele estava começando a ganhar luz própria e chegou a ser cotado para assumir o segundo posto do Ministério dos Transportes da gestão Dilma Rousseff (PT).
Giroto passa por situação muito crítica. Até os “amigos” do passado, usam-no para desgastar os adversários. A estratégia é feita na melhor cara de pau e aposta no ditado popular de que o eleitor brasileiro tem memória curta.
O ex-deputado federal se transformou no símbolo da corrupção em Mato Grosso do Sul, assim como o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) se tornou no Rio de Janeiro.
O outro é o empresário João Amorim, que foi tesoureiro das campanhas de André, foi cunhado de Nelsinho Trad (PTB) e é irmão da deputada estadual Antonieta Amorim (PMDB). Ele era famoso pelos contatos, pela influência e por saber os caminhos de como vencer as licitações milionárias.
Agora, ambos estão fragilizados e vão ficando, também, sem dinheiro. Com os recursos penhorados, vão se ver obrigados a pedir autorização da Justiça para fazer comprar, um tratamento médico ou uma viagem.
Eles já foram presos em operações do Gaeco e da Polícia Federal. E ainda podem sofrer novas ações, porque a investigação da Operação Lama Asfáltica segue tanto no âmbito estadual quanto no federal.
A sociedade sempre questiona até quando os dois vão aguentar os desgastes sozinhos, enquanto outros se locupletaram com o esquema e, agora, posam como novos defensores da ética?