O protesto contra a Reforma da Previdência, que levou um milhão de pessoas às ruas na quarta-feira passada, teve a primeira vitória. Acuado, o presidente Michel Temer (PMDB) recuou e mudou a estratégia para tentar impor as mudanças à população brasileira, que é elevar a idade mínima da aposentadoria para 65 anos e só conceder o pagamento de 100% para quem contribuir por 49 anos.
A nova estratégia joga a “bomba” nas mãos do governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Apesar de ter jogado duro para enfraquecer a manifestação, o tucano tinha a seu favor, que as maldades eram praticadas pelo Governo federal.
Com a mudança de estratégia, ele vai ter que fazer a escolha: aprova a reforma e se afunda junto com o deputado Carlos Marun (PMDB) ou deixa a decisão para o sucessor para chegar mais forte na disputa de 2018.
Com a decisão, os professores ganham força para lutar contra o fim da aposentadoria especial. Atualmente, as professoras se aposentam com 50 anos e os homens com 60. Com a mudança, o direito pode ser retardado em até 15 anos.
Os docentes dos municípios e do estado ganham força para manter o benefício.
Michel Temer identificou que os servidores estaduais mostraram mais força na mobilização de do dia 15 de março. Com a nova estratégia, ele quer impor a reforma para os funcionários púbicos federais e para os trabalhadores da iniciativa privada. Se a mudança passar no Congresso, a batalha passa a ser feita em cada cidade e estado.
Em nível federal, o governo fica mais fragilizado e não considera a força dos trabalhadores do transporte coletivo – que podem parar as grandes cidades em greves contra a reforma –, os bancários, seguranças e trabalhadores rurais.
Já em Mato Grosso do Sul, o governador não deve ter problemas em aprovar, se depender dos deputados estaduais, que avalizam tudo que é enviado pelo Poder Executivo. O problema será na mobilização dos servidores estaduais.
Eles conseguiram o apoio da maior parte da bancada federal. A única exceção foi Marun, que até brigou com eleitor no wathsapp. Em diálogo propagado nas mídias sociais e nos aplicativos, o peemedebista se compara a um cavalo de raça, que deverá vencer a eleição de 2018, e chama o eleitor de “mula velha”.
A estratégia dos sindicatos será desgastar quem apoiar a mudança no Estado, a mesma usada para ganhar o apoio dos deputados federais.
A reforma da previdência com medidas mais duras deve ficar para o sucessor de Reinaldo Azambuja, que pode ser ele mesmo. Os candidatos podem usar aquela famosa estratégia para enganar o eleitor: prometer não mudar a previdência, mas alegar que o déficit ameaça as contas estaduais e a única saída será aderir ao novo modelo.
Muita água vai rolar até a proposta chegar ao legislativo estadual. De concreto, no momento, é que Temer terá missão quase impossível para aprovar a mudança no Congresso Nacional, acuado pelas denúncias de corrupção.