O deputado federal Carlos Marun (PMDB) ficou furioso com o acampamento montado na porta do Residencial Damha, onde reside, em Campo Grande. Ele condenou o protesto, chamou o ato de covarde e reafirmou que fará de tudo para que a reforma da previdência não mude uma vírgula.
O discurso raivoso do peemedebista teve reação imediata nas redes sociais. Ele foi chamado de traidor, canalha e porco. No entanto, nem todo mundo o condenou. Alguns seguidores manifestaram apoio ao parlamentar bonachão e fiel a Eduardo Cunha, preso por corrupção, e até o chamaram de “mito” da política estadual.
O acampamento faz parte da mobilização dos sindicatos, que comandaram, ontem, paralisação de 24 horas, greve por tempo indeterminado nas escolas, manifestação com 20 mil pessoas e bloqueio de rodovias. Os atos são contra a proposta de Michel Temer (PMDB), que propõe idade mínima de 65 anos para homens (60 anos hoje) e mulheres (55) e 49 anos de contribuição para o pagamento de 100% do benefício.
É a primeira vez que Marun, presidente da Comissão Especial de Reforma da Previdência, enfrenta protesto. Na sua história, ele sempre foi pit bull da política a serviço de governantes. Em 2002, quando André Puccinelli (PMDB) desistiu da disputa do governo, ele foi escalado para atacar o Zeca do PT, candidato à reeleição. Na época, fez estrago e levou a eleição para o segundo turno, quando o petista venceu Marisa Serrano (PSDB).
A mesma função cumpriu quando o PMDB decidiu participar do impeachment para dar o governo a Michel Temer (PMDB). Marun não poupava críticas a presidente Dilma Rousseff (PT) e aos petistas. Era o boquirroto, sem papas na língua para detonar a presidente.
Depois, ganhou os holofotes ao assumir o papel de pit bull para defender Eduardo Cunha, um dos bandidos mais proeminentes da República, que torrou dinheiro desviado da Petrobras na compra de presentes de luxo, viagens ao exterior e hotéis caríssimos para a mulher, a jornalista Cláudia Cruz. Marun bufava no horário nobre da noite em todas as emissoras de televisão para defender o ex-deputado, preso em Curitiba.
Agora, o deputado é alvo direto de manifestação. Reagiu com fúria, porque o protesto “covarde” constrange seus vizinhos, a mulher e o filho. Condenou o ato dos professores (agora, ele não defende mais a educação), e manteve a defesa na íntegra da proposta da reforma, a mais excludente da história brasileira e no mundo.
A reação ao discurso raivoso foi imediata. Eleitores classificaram Marun de traidor, canalha, boca suja, porco, vergonhoso, cobra criada, entre outros adjetivos. A maio parte é de repúdio e de eleitores contra a reeleição do deputado.
Apesar do histórico do peemedebista, ele conta com defensores ardorosos. Um até o chamou de mito por ter apoiado Cunha e estar sendo fiel aos seus princípios. Outros manifestam apoio integral ao parlamentar e à reforma da previdência, que apesar de ser danosa ao povo, seria boa para o Brasil.
Por outro lado, somente Marun não sentiu o baque. Outros deputados já começam a sinalizar mudança de posição sobre a reforma, como é o caso de Geraldo Resende, que muda de opinião como de partido. Tereza Cristina não se manifestou, mas o seu partido, já fechou questão contra a reforma.